Além da alegria, outra característica marcante de Maria Helena Balen estava relacionada a sua preocupação social, sua solidariedade. Numa das crônicas que publicou no Pioneiro, a escritora que morreu na madrugada desta quarta chegou a revelar o desejo de que os amigos levassem leite, ao invés de flores no seu velório.
"Sei que morto não se governa, mas, quando eu partir - que vai demorar muito -, faço planos para que o meu velório seja com o caixão fechado, as pessoas amigas conversando, podem levar cachorros, uma foto grande em que eu esteja sorrindo, uma pirâmide de latas de leite em pó que me levaram de presente para serem distribuídas a entidades. E cremada, claro.", escreveu ela, em setembro de 2013.
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À amiga Jaqueline Pivotto, Maria Helena chegou a falar sobre essa vontade.
- Ela disse "flores viram lixo, quero que levem leite e se faça uma grande pirâmide". Vou mobilizar o pessoal para que isso aconteça, era o desejo dela - disse amiga.
Jaqueline conta que ficou próxima de Maria Helena Balen em 2012, quando iniciou atividades com o grupo cultural Órbita Literária. Ela buscava a escritora todas as segundas-feiras em casa para irem juntas aos encontros sobre literatura. A amizade trouxe muito a Jaqueline.
- Vejo ela como uma bênção que passou pela minha vida, aprendi muito. Tenho 42 anos e a Maria Helena era a minha amiga mais jovem, os três anos que nos conhecíamos viraram uma eternidade. Ela tinha sempre a palavra certa para falar - lembra a amiga.
O último encontro foi há cerca de um mês e meio, quando Jaqueline esteve na casa de Maria Helena para um chá. Depois disso, as duas ainda conversaram por telefone e, nas últimas duas semanas, Jaqueline só conseguiu contato com a familiares. A amiga preferia não receber visitas.
- Ontem mesmo escrevi para uma amiga que a Maria Helena é uma das cores mais fortes do arco-íris da minha vida - contou Jaqueline, emocionada.
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Generosidade
Maria Helena Balen queria leite ao invés de flores no seu velório
Escritora confessou desejo à amiga Jaqueline Pivotto e por meio de uma crônica
Siliane Vieira
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