Os discursos dos vencedores da sexta edição do Festival do Audiovisual da Serra Gaúcha (Cineserra) foram marcados por temas como o sucateamento da cultura, a criminalização dos artistas e a falta de apoio econômico ao setor — que inclusive foi uma das responsáveis pela não realização da edição de 2018. A cerimônia ocorreu na noite de sábado (13), no Sesc Caxias, contando com a distribuição de 35 troféus a clipes e curtas documentais e ficcionais dos certames regional e e estadual.
Um dos principais premiados da noite (por filmes como o documentário Sou Ana Mazzottti e a ficção O Homem que Via Música em Tudo), o produtor audiovisual Breno Dallas fez questão de citar a importância do edital Financiarte, que custeou as duas obras.
— O Financiarte já foi um edital muito mais compenetrado — lamentou ele, finalizando o discurso com um "Fora, Guerra!" aplaudido pela maioria dos presentes.
No momento da fala de Breno, o secretário municipal da Cultura, Joelmir da Silva Neto, já não estava mais presente na cerimônia. Ele entregou os primeiros prêmios da noite e foi embora. Além da situação local, o contexto nacional de demonização da cultura e seus agentes foi lembrado pelo produtor cultural Luciano Balen, que subiu ao palco para entregar prêmios.
— Nosso presidente revogou, através de decreto, vários conselhos. Quando houve o Golpe, em 1964, foi assim, as coisas não aconteceram de um dia para o outro. Então, por favor, mantenham os conselhos fortes — disse Luciano Balen, integrante do Conselho Municipal de Políticas Culturais, citando o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) que pode pôr fim a conselhos de participação civil.
Já o diretor artístico do festival, Leandro Daros, destacou o potencial do setor audiovisual em seu discurso:
— Vejo o festival como um pequeno trem bala que, embora não tenha muita potência, tem força para contribuir no carregar de uma ideia, que é justamente de um segmento audiovisual cada vez mais forte, mas ativo, mais representativo e livre para representar seus pontos de vista. Esperamos que num futuro próximo seja ainda mais representativo num ponto de vista econômico, seguindo uma tendência mundial de crescimento nessa área.
Alguns premiados, como o chileno radicado em Caxias Cristian Beltrán (amplamente premiado pelo curta Subtexto) e os estudantes da Ufpel (que venceram na categoria voto popular de melhor filme ficção com Outro Tempo) pediram por "Lula Livre". O feminismo e a necessidade de mais produções assinadas por mulheres também estiveram presentes em falas como a da diretora Lauren Fogaça, premiada pelo clipe Setembro (de Vic Limberger) e pelo curta Escarlate.
Confira abaixo a lista completa os vencedores da sexta edição do Cineserra, que a partir de agora deve ocorrer sempre em abril.
CERTAME REGIONAL
Ficção / Documentário:
Melhor Filme Ficção: “Subtexto” Dir: Cristian Beltrán
Melhor Filme Documentário: “Sou Ana Mazzotti” Dir: Breno Dallas e João Boaventura
Melhor direção: Breno Dallas e João Boaventura por “Sou Ana Mazzotti”
Melhor roteiro: Douglas Bolzan por “O Homem que Via Música em Tudo”
Melhor fotografia: Breno Dallas por “O Homem que Via Música em Tudo”
Melhor direção de arte: Pauline Hipólito por “Subtexto”
Melhor edição: Michel Kriger por “Subtexto”
Melhor desenho de som: Francisco Maffei por “Sou Ana Mazzotti”
Melhor trilha sonora: Beto Scopel e Ccoma por “O Homem que Via Música em Tudo”
Melhor ator: Cristian Beltrán por “Subtexto”
Melhor atriz: Ana Michelon Gomes por “O Inimigo”
Menção honrosa: “Escarlate” Dir: Lauren Fogaça
Videoclipe musical:
1º Lugar: “Almost Unreal” – From Autumn – Dir: Maicon Benato
2º Lugar: “High” – Kripper – Dir: Rafael Willms
3º Lugar: “Setembro”- Vic Limberger – Dir: Lauren Fogaça
Menção honrosa: “Lute Sempre”– L.U.T.E Corp.- Dir: Rafael Wilmms
CERTAME ESTADUAL
Ficção e Documentário:
Melhor Filme Ficção: “Sem Abrigo” Dir: Leonardo Remor
Melhor Filme Documentário: “Que Som Tem a Distância” Dir: Marcela Schild
Melhor direção: Guto Bozzetti por “Mocinho e Bandido”
Melhor roteiro: Felipe Iesbick por “À Sombra”
Melhor fotografia: Rodger Timm por “Fè Mye Talè”
Melhor direção de arte: Gianna Soccol por “Pelos Velhos Tempos”
Melhor edição: Daniel Almeida por “Pelos Velhos Tempos”
Melhor desenho de som: Bafo Na Nuca Música por “Lithium”
Melhor trilha sonora: Idòwú Akinrúli e Gustavo Foppa por “Fè Mye Talè”
Melhor ator: João Vitor Machado por “Mocinho e Bandido”
Melhor atriz: Rejane Arruda por “Sem Abrigo”
Menção honrosa Ficção: “Grito” Dir: Luiz Alberto Cassol
- Videoclipe musical:
1º Lugar: “Long Fever” – L.A.R.A. – Dir: Vinícius Lara e Henrique Wallau
2º Lugar: “Espetáculo” – Mun-Rá – Dir: Bruno dos Anjos
3º Lugar: “Reticências” – Nei Van Soria – Dir: Eduardo Christofoli
Menção honrosa: “Moving Ground” - Hibria – Dir: Deivis Horbach
VOTO POPULAR
Melhor Filme Documentário: “Um Corpo Feminino” – Dir: Thais Fernandes
Melhor Filme Ficção: “Outro Tempo” – Dir: Manu Zilveti
Melhor Videoclipe musical: “Lá Fora” – Thiago Wilbert e Os Buena Onda - Dir: Thiago Wilbert