A Conferência municipal de Cultura, ocorrida na manhã do sábado, foi o primeiro encontro oficial do secretário interino da pasta, Joelmir da Silva Neto — que assumiu o cargo na sexta, após o pedido de exoneração de Adriana Antunes — com a comunidade cultural da cidade. A reunião revisou diretrizes do Plano Municipal de Cultura, discutindo problemas enfrentados atualmente e possíveis soluções. Durante a apresentação das demandas da conferência (definidas durante as pré-conferências), já ficou clara uma das principais reivindicações dos produtores culturais. Houve aplausos quando a presidente do Conselho Municipal de Política Cultural, Caliandra Troian, leu o seguinte item: "Criar rubricas específicas para programas e projetos da Secretaria Municipal da Cultura para que não sejam aprovados e captados projetos do município via LIC, atendendo à legislação vigente". As últimas edições da Feira do Livro, por exemplo, tiveram recursos de lei de incentivo, motivo de indignação para os produtores culturais da cidade.
— Chega de usar a LIC caxiense, a LIC é da sociedade civil, enquanto a prefeitura for concorrer com a gente, com os artistas e produtores culturais na hora de captar recursos, a cadeia cultural não vai nunca ascender. Desde 2005 a gente vem batendo nisso, não pode — enfatizou o produtor cultural e cineasta Robinson Cabral, no momento das manifestações dos presentes.
Aproveitando a presença do secretário interino, os cerca de 70 presentes também solicitaram esclarecimentos, como por exemplo com relação à não realização do Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral e do Carnaval, ou sobre o futuro dos centros comunitários, as verbas do Financiarte, também sobre a omissão da Secretaria da Cultura no caso da polêmica envolvendo a performance de um bailarino na rua, e ainda mais contundente, sobre uma possível fusão da secretaria com outra pasta.
Mais diálogo foi outro pedido comum nas manifestações dos artistas e produtores presentes durante a conferência.
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— Talvez nesse último período tenha parecido que existe uma rivalidade: a classe artística versus a prefeitura. Não é isso. A gente briga pelo diálogo, não pela disputa. Espero que as pessoas envolvidas nesta gestão ou nas próximas entendam a gente como apoiadores. Somos economia criativa, somos potenciais criadores de muita coisa bacana. Se não há verba, que haja o diálogo para alcançar alternativas conjuntas, pelo menos para a gente chegar um pouco mais adiante e não sempre retroceder um passinho atrás — solicitou a atriz e produtora teatral Aline Zilli.
ALGUMAS FALAS DO SECRETÁRIO INTERINO, JOELMIR DA SILVA NETO:
Fusão da secretaria: "quero esclarecer que não tem possibilidade de fechamento ou fusão da secretaria. Nas reuniões que participei, não teve em momento algum nada sobre isso, falo enquanto secretário, enquanto servidor, enquanto pessoa".
Uso de LIC pelo município: "pelo que acompanhei, realmente é utilizado. E é sim uma meta zerar, é uma meta que vou levar enquanto gestão".
Financiarte: "todos sabemos, desde que foram anunciadas as dificuldades do Financiarte, que teríamos uma redução. Ela está sendo discutida e até o dia 20 acho que vamos conseguir repassar isso a vocês. O Financiarte de 2018 não começamos a discutir ainda".
Responsabilidade com a classe artística: "surgiu o assunto do bailarino, o governo está apurando internamente, inclusive com sindicância para ver a questão da Guarda, como é que foi. Também conversamos com ele (bailarino), não foi desamparado. Em breve sairá um relatório disso, com certeza".
Prêmio Montagem: "realmente ficou fora da lei orçamentária. O que houve foi que ficou um resíduo do prêmio do ano passado, por isso que se você entrar no Portal da Transparência está aberto pagamento do prêmio neste ano, mas era um saldo a pagar do ano anterior. Então, a verba para o prêmio 2017 realmente não foi colocada na lei orçamentária".
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Assuntos como a não realização do Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral estarão na pauta da reunião que o Conselho Municipal de Política Cultural realiza amanhã, às 18h, na Biblioteca Parque. Entrada é franca.