Nivaldo Pereira
O sábado amanheceu tempestuoso. Sob raios e trovões, chuva e frio, o dia me sugeria ficar até tarde na cama, quem sabe coberto até a cabeça. Mas o corpo se ligou, pedindo ação. E antes das nove eu já estava a preparar o almoço. No hábito de sempre cozinhar ouvindo música, pus a tocar um antigo Martinho da Vila. Depois, Clara Nunes. Depois, Jorge Ben Jor. Meu Deus! Que Brasil era esse que saía dos discos? Que grandeza era essa, tecida de tão ricas e coloridas misturas? O corpo, elétrico feito o céu de raios, balançava feliz no picar de alhos e cebolas. Diante da pia, lugar tão pouco cívico, eu era um brasileiro pleno de bom orgulho. Ah, que falta fazia esse sentimento de pertencer a um país grandioso, apesar da redução a que parece preso!