Alana Foresti, 29 anos, nasceu em meio aos parreiras em Pinto Bandeira. Desde pequena, acompanhou a produção de vinho na propriedade. Quando tinha idade para ingressar na faculdade, o pai Vanius pediu que ela cursasse Enologia para trabalhar na vinícola da família. Ela aceitou, mas antes de abraçar o empreendimento, passou uma temporada fora.
Durante seis anos, morou em Santa Catarina. Em uma conversa com o pai, há quatro anos, resolveu retornar.
— Ele queria fazer um varejo e eu disse que tinha ideias diferentes e se ele me desse abertura, eu voltava — conta a jovem que irá abrir um garden e um restaurante na vinícola, em breve.
A história de Alana está na segunda edição do livro Mulheres na Agroindústria Familiar no RS, produzido pela Emater e que será lançado nesta quinta-feira (29) na Expointer. A obra reúne, no total, 16 cases de mulheres gaúchas. A primeira edição, lançada em 2014, tinha 14 histórias.
— A gente sabe que tem um pré-conceito. Anos atrás, as pessoas tinham uma visão de que enólogo tinha que ser homem, mais velho. Quando trabalhei em uma rede de supermercados, alguns clientes pediam para ser atendidos por um homem. Agora, estou conseguindo mostrar que nós produzimos vinho de qualidade. Recebo mais elogios na vinícola, é um ambiente mais acolhedor. Talvez, pela maioria das agroindústrias serem lideradas por mulheres, é mais receptivo — diz.
Apesar da experiência positiva de Alana, nem todas as histórias são iguais. Conforme Bruna Bresolin, uma das autoras do livro, em alguns casos, as mulheres não tiveram apoio da família para implementar ou levar adiante as agroindústrias. Por medo e insegurança.
— Mas o interessante que identificamos é que a mulher sempre foi responsável pelo alimento da família e agora faz para vender — resume a engenheira de alimentos e gerente técnica estadual da Emater.
“Espero que, onde ele estiver, se orgulhe”
O lançamento da obra não terá um personagem importante da história de Alana. Há dois anos com câncer, o pai acabou morrendo na quarta-feira da semana passada, dia 14, um dia antes do nascimento de Vicente, primeiro neto — o menino é filho de Francine, uma das irmãs de Alana.
— É triste estar na Expointer sem ele, mas ele pediu para que eu estivesse aqui. Espero que, onde ele estiver, se orgulhe do que estamos fazendo — diz Alana.
Ela tem ao lado no empreendimento a mãe Leonir e as irmãs Francisca e Francine, o esposo Rafael Bombassaro e os tios Valdir e Nelson Foresti.