Por Téo Foresti Girardi, doutora em Design e Tecnologias pela UFRGS
Nos últimos anos, as tecnologias digitais têm transformado profundamente os processos eleitorais em todo o mundo. No Brasil, essa revolução digital impacta tanto a maneira como os eleitores participam das eleições quanto a forma como as campanhas políticas são conduzidas.
O "eleitor conectado" é um novo perfil que emerge em um cenário onde a internet e as redes sociais desempenham papeis centrais na formação de opinião e na mobilização do voto. Se há pouco tempo o eleitor não acompanhava as ações, agendas e atividades dos prefeitos, hoje tudo está disponível em tempo real.
Com acesso facilitado e o aumento do uso de smartphones, a informação está mais acessível do que nunca e o eleitor moderno tem à sua disposição uma infinidade de fontes para se informar sobre candidatos, partidos e propostas políticas.
As redes sociais, em particular, têm se tornado essenciais para o debate político pois oferecem não apenas um espaço para que eleitores discutam entre si, mas também para que candidatos e partidos se comuniquem diretamente com o público.
Essa nova dinâmica informativa permite ao eleitor conectado ter uma visão mais ampla e crítica do cenário político. Ele não depende mais exclusivamente da cobertura da mídia tradicional, podendo buscar informações em tempo real, comparar propostas e verificar a veracidade das informações divulgadas.
Além disso, o eleitor pode se engajar em movimentos sociais e campanhas de maneira mais ativa, organizando e participando de discussões e manifestações através das plataformas digitais, a informação sobre o futuro da gestão pública, agora, acontece no presente, em tempo real.
Campanhas eleitorais digitalizadas
Do lado das campanhas eleitorais, a digitalização trouxe uma mudança drástica na forma como os candidatos se relacionam com os eleitores. Ferramentas de marketing digital, segmentação de público e anúncios personalizados permitem que as campanhas sejam mais precisas e eficazes, sendo possível por exemplo, direcionar mensagens específicas para diferentes grupos de eleitores, adaptando o discurso às particularidades de cada segmento.
Além disso, as redes sociais se tornaram um palco central para a disputa eleitoral. A capacidade de viralizar conteúdos, seja por meio de vídeos, memes ou postagens polêmicas, pode determinar o sucesso ou fracasso de uma campanha. A presença online de um candidato, sua interação com os eleitores e a forma como lida com crises nas redes podem influenciar decisivamente o resultado das urnas.
No entanto, essa nova realidade também traz desafios. A propagação de fake news e a manipulação de dados pessoais para influenciar eleitores são questões que têm gerado preocupações em todo o mundo. No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem adotado medidas para combater a desinformação, mas a velocidade com que as fake news, associada à IA se espalham dificulta a resposta institucional.
O futuro dos processos eleitorais
Olhando para o futuro, é provável que as tecnologias continuem a evoluir e a transformar os processos eleitorais. Discussões sobre a implementação de votações online, por exemplo, já começaram a ganhar espaço, apesar dos desafios de segurança cibernética que ainda precisam ser superados.
A inteligência artificial também pode desempenhar um papel cada vez mais relevante, seja na análise de dados eleitorais ou na automação de processos de campanha, entretanto é necessário que essa evolução tecnológica seja acompanhada de um debate amplo e transparente sobre as implicações éticas e democráticas dessas mudanças.
O eleitor conectado é, sem dúvida, um agente de mudança no cenário político atual, com acesso a mais informação e ferramentas de participação, ele tem o poder de influenciar o rumo das eleições de maneira sem precedentes. No entanto, junto com essas oportunidades, surgem também novos desafios que precisam ser enfrentados para garantir que a democracia se fortaleça nesse ambiente digital.
Téo Foresti Girardi é doutora em Design e Tecnologias pela UFRGS, founder e CEO do GovTech Lab e head do GovTech Summit.