Há quatro anos se estabeleceu em Passo Fundo a aldeia indígena Goj Júr, do povo caingangue. A comunidade, localizada ao lado da rodoviária municipal, é constituída por 25 famílias que vivem do artesanato e da construção civil.
Como garantia da educação básica, crianças e adolescentes sempre estudaram em uma escola que funcionava no próprio local, uma extensão da escola estadual de Ensino Fundamental Manoel Inácio, de Água Santa. Professores cedidos pelo Estado atendiam as turmas da educação infantil ao 9º ano.
Em setembro de 2022, o governo estadual reconheceu oficialmente o trabalho e criou a escola Adalírio Lima Siqueira, funcionando agora de forma autônoma. Com isso os recursos passariam a ser exclusivos da entidade. A questão é que até o momento nenhum valor foi destinado.
- As questões físicas aqui não dão condição suficiente para o funcionamento cem por cento da infraestrutura, não temos o espaço para a direção e o pedagógico, o prédio está em construção precária, foi levantado pela própria resistência de doações que conseguimos. Nós temos o básico para estarmos abertos, que são os recursos humanos, professores e duas funcionárias, afirma o diretor da escola, Israel Kujawa.
Em abril desse ano banheiros erguidos com apoio da comunidade passaram a ser usados pelos 35 estudantes que frequentam as aulas, mas segundo o diretor, não existe fossa séptica para o tratamento do esgoto, ficando a céu aberto. O mesmo acontece com a energia elétrica que está ligada de forma irregular. O acesso à aldeia e o pátio também são situações que preocupam. De terra de chão, o espaço fica embarrado, dificultando a circulação.
- A escola dentro da comunidade é muito importante, principalmente para ajudar mais na aprendizagem, na educação indígena, do bilíngue, da nossa cultura. Então aqui é um local de preparação para elas saírem mais qualificadas para enfrentar o mundo aí fora. A gente ainda está em fase de construção, falta muito ainda para ter uma escola padrão, de qualidade, para as crianças terem mais conforto, para se sentir mais vontade de vir para a escola. A gente busca melhorias de qualidade a cada dia, comenta o cacique da aldeia, Jocemar Mariano.
A 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) informa que a escola está ligada ainda administrativamente a Água Santa e que recebe recursos pelo número de alunos, mas que em breve deverá estar autorizada para receber diretamente em uma conta bancária. Enquanto isso, já planeja projetos de melhoria no piso e rampa de acesso ao local e também a compra de móveis.
A secretaria municipal de Habitação afirma que também está fazendo um levantamento sobre as necessidades dos indígenas e que tenta marcar uma reunião com Fundação Nacional Dos Povos Indígenas (FUNAI).
GZH Passo Fundo
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