Com fãs mundo afora, a banda passo-fundense Aline Love & Club Band lançou o seu primeiro single em inglês.
O clipe da música Half, gravado no Teatro Municipal Múcio de Castro, foi lançado com a música no canal do YouTube em 7 de agosto. A música já pode ser ouvida nas plataformas de streaming (veja abaixo).
O novo single é classificado pela vocalista e compositora Aline Love como "ácida" e "áspera" ao falar sobre dores amorosas de amigos e conhecidos.
Em entrevista a GZH Passo Fundo, Aline relembra o início da banda, como foi a produção e composição da primeira música em inglês e de projetos internacionais futuros da banda que já conta com outras músicas como "O Sorriso do Meu Bem", "Sem Perdão" e "Eu Faço Rock". Confira a entrevista exclusiva na íntegra.
GZH: como foi o início da banda?
Aline Love: eu não tenho músicos na família, mas tenho apreciadores de músicos. Minha mãe gostava de samba e meu pai de rock. Com 12 anos eu comecei a aprender a tocar instrumentos e com 14 anos montei uma banda. No início tocávamos e cantávamos nos bares de Passo Fundo. Aos poucos fui me profissionalizando e com 17 anos eu já estava tocando para valer mesmo.
Nós somos músicos independentes e tudo é muito caro e muito difícil. Conseguimos gravar um disco demo em 2001 e ele foi muito bem tocado nas rádios aqui do município.
Depois fomos para Porto Alegre gravar o álbum Volume 1, que é o que nós temos lançado em 2013 e divulgamos ele até em São Paulo. Em 2016 eu comecei a trabalhar com alguns projetos culturais e nós ganhamos o Prêmio Funcultura, o que permitiu que a gente gravasse o álbum Volume 2.
GZH: vocês têm uma Kombi chamada Summer. Ainda usam ela?
Aline Love: a Summer é uma Kombi de bolinha que tem até Instagram. Nós temos ela desde 2015. A gente precisava acomodar os equipamentos, os músicos e também os nossos animais, porque temos muitos animais e queríamos levar eles passear no nosso momento de lazer.
Hoje nós consideramos a Summer um membro da banda porque durante a pandemia, que foi uma época horrível, a gente fazia serenatas com ela. As pessoas nos ligavam e pediam para ir na frente de tal casa, cantar tal música e ler uma mensagem. Já fazem quatro anos que isso começou e tu acredita que ainda nos pedem para fazer? E a gente faz (risos).
GZH: quando vocês tiveram os primeiros contatos com os fãs internacionais e como surgiu a ideia de gravar uma música em outro idioma?
Aline Love: nossa banda tem influência de bandas britânicas dos anos 60, como Beatles e Rolling Stones, e aqui do Brasil nós gostamos de Jovem Guarda, que tem essa pegada de um rock mais antigo. Quando lançaram o Spotify, o pessoal de fora começou a ouvir a nossa música e as pessoas encontravam a gente no Instagram para falar que, mesmo não entendendo nada do que a gente estava falando, eles estavam curtindo o som.
A audiência vinha basicamente do Reino Unido, que é onde tocam mais esse estilo de música. Tinha alguma audiência da Itália e França também. Aí eu comecei a pensar que tínhamos que gravar o nosso próximo single em inglês. Entendi que se o pessoal realmente gostava iriam prestigiar e aqui no Brasil a galera também escuta muita música em inglês. Lançamos e está sendo super bem aceita.
GZH: o que te inspirou a escrever Half?
Aline Love: essa música tem uma tradução meio áspera, meio ácida. Eu sou uma pessoa muito observadora e vi muitas pessoas passando por coisas ruins tanto em relacionamentos amorosos quanto em trabalhos profissionais. Vi pessoas trabalhando em lugares que não tinham colegas legais e sofriam, passivas, sem poder dar um basta naquilo.
Essa letra é mais ou menos sobre isso. Ela é tipo um grito de liberdade para dar um basta. Essas pessoas precisam se libertar mesmo que de forma figurativa. No clipe, a gente quis fazer algo meio paradoxal porque, por mais que a letra seja ácida, a música é dançante. Quem ouve pode pensar que é uma música romântica e que estamos falando sobre algo fofo, mas quando forem traduzir a música elas podem pensar "socorro, Deus!" (risos).
GZH: como foi a produção do clipe? É algo mais caseiro ou vocês contrataram uma produtora profissional?
Aline Love: no total, nós temos seis clipes. Cada um foi de um jeito, mas a gente sempre teve parcerias. O nosso primeiro clipe, por exemplo, foi um ator e produtor aqui de Passo Fundo que trabalhou na parte da direção e edição.
O clipe de Half teve um resultado muito bonito e foi muito experimental. Nós gravamos ele com dois celulares e uma câmera. Eu achei que o resultado ficou muito bom. Pessoas como nós, artistas independentes, têm que ter amigo em todas as áreas. Um amigo que saiba filmar e outro amigo que saiba editar. Nós não temos toda aquela fortuna que grandes artistas têm para patrocinar.
E nós gravamos o clipe no Teatro Municipal Múcio de Castro, que é um lugar bem simbólico para mim. Foi o primeiro palco que eu me apresentei na vida.
GZH: quais são os próximos passos da banda? Pensam em fazer shows fora do Brasil? Pretendem lançar outras músicas em inglês?
Aline Love: nós temos mais duas músicas engatilhadas que talvez a gente consiga lançar ainda esse ano. São mais duas músicas em inglês. Nós estamos fazendo uma de cada vez. Somos mais antigos na música e antigamente as pessoas lançavam um disco inteiro. Hoje é muito comum os artistas lançarem singles, é tudo muito mais rápido.
O nome da próxima música é Red Boots, que significa botas vermelhas. A letra fala sobre uma mulher misteriosa e envolvente. Já temos ideia até para o clipe. Queremos gravar em vários pontos turísticos de Passo Fundo.
Nós pensamos em ir para outros países sim, quem sabe até ir para a Inglaterra mesmo onde o pessoal escuta mais esse tipo de som. Queremos levar o nome do Brasil e do Sul para o mundo.