Cuidado: você pode ser a nova vítima de uma farsa digital. Pode parecer alarmista, mas a afirmação faz sentido e é embasada por números. Neste ano, o Brasil teve mais de um milhão de tentativas de ações lesivas online (uma a cada 3,5 segundos), gerando prejuízo de R$ 1,2 bi – conforme pesquisa da ClearSale, empresa de soluções antifraude. Isso, dentro de um contexto em que o uso de ferramentas online para tarefas antes viabilizadas somente de maneira presencial está cada vez mais facilitado, com realização possível de qualquer dispositivo remoto.
Então, é preciso cautela na hora de fazer operações por computadores e dispositivos móveis. Preocupada com a segurança digital, o Sicredi, instituição financeira cooperativa com mais de 8 milhões de associados, tem uma série de ações e dicas para evitar crimes virtuais.
– Tem crescido o número de fraudes e golpes. Na mesma velocidade, tentamos avançar em tecnologia, para facilitar a vida dos associados e colaboradores. Nosso objetivo é barrar e proteger desses ataques. Tentamos ser uma presença amiga, alguém com quem se possa contar para além da tecnologia. Por isso, temos uma equipe preparada para dar suporte ao associado, seja nos canais online ou em nossas agências. Isso tanto para amparar quanto para prevenir – afirma a analista de Controles Internos Integração de Estados RS/SC/MG, Ana Paula Siqueira Kurtz.
Recentemente, o Sistema OCB (do qual o Sicredi é integrante) e a Câmara Temática de Crédito, lançaram a campanha #CliqueConsciente. A iniciativa, intitulada “Juntos por mais segurança digital”, foi apresentada no dia 8 de agosto, durante o 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred).
O país tem, atualmente, mais de 210 milhões de conexões e uma média de navegação diária acima de nove horas na internet, de acordo com dados do "Relatórios Digitais Globais" do portal DataReportal. Em resumo, é um terreno fértil para diferentes tipos de golpes que podem tirar dinheiro do seu bolso. Ou melhor: da sua conta. Zelo é sempre a dica essencial para não tornar-se vítima.
– Atenção e o nosso próprio senso crítico são os principais pontos para nos protegermos. Precisamos desconfiar de tudo que é muito fácil e sempre buscar entender o contexto de determinada situação para evitar que se crie um sentimento de ansiedade e que a gente caia em golpes ou fraudes – destaca Ana.
A analista explica ainda a diferença entre golpe e fraude: o primeiro envolve participação da vítima e, o segundo, é quando a ação é feita sem a pessoa prejudicada saber. Entre os tipos de fraudes mais comuns estão os malwares e trojans, que são espécies de vírus ou softwares maliciosos que podem roubar informações ou permitir acesso de terceiros a um dispositivo. Para evitar, recomenda-se um bom antivírus e mantê-lo sempre atualizado. Tem ainda o phishing, que tenta “pescar” informações de desavisados por meio de links desconhecidos ou páginas falsas. Logo, verifique antes de clicar em links que possam parecer suspeitos e não forneça informações pessoais sensíveis sem ter certeza da procedência do site.
O Sicredi não entra em contato para solicitar senhas, códigos e tokens, nem envia mensagens ou e-mails contendo links que direcionam para páginas solicitando procedimentos de segurança. Também é importante salientar que, durante chamadas telefônicas, o aplicativo do Sicredi fica indisponível. E lembre-se que, se você foi vítima em alguma ação ilícita online, é importante registrar ocorrência policial.
Algumas características dessas ações nocivas ajudam a identificá-las, como promessas irrealistas (retornos financeiros extraordinários em um curto período de tempo), pressão para a que a vítima tome decisões rápidas, uso de meios não convencionais (phishing por e-mail, ligações, sites e mensagens de texto falsas), falta de comunicação oficial (e-mails não criptografados ou ligações de números não identificados) e resistência à verificação (contrariedade em fornecer informações adicionais).
Cuidados para minimizar a possibilidade de prejuízo em ataques de terceiros incluem sempre bloquear a tela de início do celular, usar senhas fortes, não anotar códigos de acesso em bloco de notas, e-mails ou mensagens, apagar conversas que contenham senhas, não usar o recurso de lembrar/salvar senha, usar ferramentas adicionais de segurança (como biometria, reconhecimento facial e dupla autenticação) e manter o sistema operacional do celular atualizado.
Listamos quatro golpes frequentes e formas de evitá-los:
1) Falsa Central
Golpistas se passam por colaboradores da instituição financeira (em algumas vezes, com fotos reais de colaboradores) e criam situações para assustar e convencer a pessoa a realizar transações financeiras ou compartilhar dados. A dica é manter a calma e não fazer nenhum processo antes de confirmar que está falando com um profissional da instituição financeira. Desligue imediatamente a ligação ou encerre a conversa pelo aplicativo de mensagens e entre em contato com seu gerente ou com a Central de Atendimento do Sicredi, por meio dos canais oficiais, para ter certeza.
2) Via WhatsApp e Redes Sociais
Em um dos golpes mais conhecidos atualmente, criminosos fingem ser familiares ou amigos e pedem uma transferência urgente via PIX. Para evitar, acione a pessoa que pede o valor ou alguém próximo dela para confirmar se o pedido é verdadeiro. Uma ligação por vídeo pode resolver. Atente se a chave PIX é direcionada realmente a quem diz estar precisando.
3) Boleto Falso
Nesta modalidade, golpistas falsificam cobranças, como faturas de energia, água, cartão de crédito ou compras pontuais. Para evitar, o primeiro passo é conferir se a cobrança que está sendo feita realmente existe. Antes de concluir qualquer pagamento, verifique se os dados na tela de confirmação são os mesmos informados no boleto. Atente para os dados do beneficiário nas informações do documento. Às vezes, uma letra pode ser o diferencial (por exemplo: em vez de Sicredi, pode estar grafado Sicreid).
4) Cobrança Indevida
É solicitado pagamento antecipado na contratação de empréstimos, seguros ou cartões de crédito. O Sicredi não solicita pagamento prévio para esses serviços. Entre em contato com a entidade imediatamente e denuncie, seja por meio dos canais oficiais ou presencialmente na agência.
Outras dicas de segurança:
- Desconfie de vantagens muito atrativas
- Não faça download de apps fora de lojas oficiais
- O Sicredi não liga solicitando dados. Então, antes de qualquer trâmite, verifique com seu gerente
- Em caso de transferência, tenha certeza de que a pessoa ou a instituição de destino é a correta. Para isso, confirme com atenção os dados de destino (grafia do nome, CPF e CNPJ)
- Não clicar em links suspeitos
- Tenha cuidado com senhas de acesso. Sempre que possível, configurar verificação em duas etapas ou outros recursos que reforcem a segurança (biometria, código sequencial, etc)
- Não acredite em desconhecidos que fazem abordagem por ligações, e-mails ou mensagens telefônicas
- Não acesse links suspeitos ou sem procedência conhecida
- Em caso de receber contatos em nome de alguma empresa ou entidade, procure os canais oficiais para confirmar as informações
- Em caso de suspeita na compra online, guarde o link da compra para eventuais investigações policiais
- Não realize depósitos ou transferências bancárias para desconhecidos
- Se for vítima, registre o caso em uma delegacia da Polícia Civil ou pela Delegacia Online
Fontes: Polícia Civil-RS e Sicredi