Em passagem por Passo Fundo neste fim de semana, Humberto Gessinger é um dos principais nomes do pop rock nacional. Na sexta-feira (1º), esteve no norte gaúcho com a turnê Quatro Cantos de um Mundo Redondo, que reúne as músicas do último álbum, e clássicos do Engenheiros do Hawaii.
Próximo de comemorar 40 anos do primeiro show da carreira, Gessinger planeja os próximos feitos: em 2025 rodará o país com repertório acústico dos Engenheiros do Hawaii e produzirá um novo álbum inédito.
Em conversa com GZH Passo Fundo, o artista contou como lida com a passagem dos anos, de que forma escolhe entre um hit e outro e lembrou como Passo Fundo o marcou ao longo da vida. Confira.
GZH Passo Fundo: a turnê atual leva o nome do seu último álbum, mas o setlist também reúne músicas clássicas da carreira. Qual critério usou pra escolher o repertório entre tantos hits?
Humberto Gessinger: eu sempre faço questão de misturar clássicos com novidades, mas nem sempre é fácil. Neste eu comecei pelo disco novo e fui colocando músicas do catálogo que dialogam com esse momento novo e que eu não esteja tocando “no automático”. Sempre faço essa análise, quando a canção já cai na rotina eu dou um tempo nela, coloco outras. Acho que o setlist tem que estar sempre vivo, porque escolher as músicas faz parte da minha criação artística.
Esse ano tivemos um fato interessante que foi os 25 anos da gravação do disco Tchau Radar, importante para os Engenheiros do Hawaii, então tem um segmento do show que eu faço quatro canções dele, quis comemorar esse aniversário.
GZH: seu público também tem essas características, pessoas que te conhecem desde o primeiro álbum e novos fãs. Como é para ti lidar com essa mescla?
HG: eu gosto desses dois mundos. Não gostaria de tocar só para quem me conhece superficialmente ou só para quem me conhece profundamente, porque eu acho que todos nós somos essa confusão. Nas relações pessoais também, tem pessoas que tu conhece profundamente e outras superficialmente, e o show é esse diálogo.
O lance de ser um artista longevo e estar há tanto tempo na estrada faz tu te envolver com fãs de vários níveis. Tem aquele cara super radical, conhece tudo que tu fez, e quer que toque músicas que tu nem gravou ainda. E tem aquele pessoal que te conhece mais superficialmente. Eu respeito os dois tipos de público, acho que ninguém tem obrigação de conhecer tão profundamente a minha obra, mas fico muito honrado de quem se dedica também. E tento fazer esses dois lados no show.
GZH: tens alguma memória marcante de alguma de tuas vindas a Passo Fundo ou à Região Norte do Estado?
HG: tenho memórias de momentos diferentes da vida. A primeira é dos anos 1980, minhas primeiras viagens da carreira. Viajava de ônibus de linha, sem equipamento, eram outros tempos e eu não tenho tanta saudade. Acredito que temos que achar que o melhor lugar do mundo é aqui e agora, e ir nos adaptando.
Outras memórias são de quando eu participava das Jornadas da Literatura. Era um evento bacana e fui para lançar livros e participar de mesas redondas. Ficava um tempo a mais e conseguia ficar mais próximo da cidade. Também fiz um show em 2022 em Passo Fundo, e tento voltar a cada dois anos.
GZH: para 2025 você segue em turnê, mas dessa vez com repertório de dois álbuns acústicos dos Engenheiros do Hawaii. Como estão os preparativos?
HG: nós vamos com a turnê dos Quatro Cantos de um Mundo Redondo até dezembro, junto do Power Trio. E a partir de janeiro faço a transição para os shows com o quinteto, tocando músicas de dois álbuns acústicos do Engenheiros do Hawaii: o Acústico MTV (2004) e Acústico Novos Horizontes (2007).
Eu tô me readaptando, no trio eu toco contrabaixo, e nesse novo projeto eu vou tocar violão, viola caipira e bandolim. Então esse momento é de transição. Nós vamos inaugurar a turnê no dia 11 de janeiro, que é por coincidência, o dia que eu fiz meu primeiro show há 40 anos. Então são coisas interessantes, refletir como a minha carreira ta agora é algo que me dá prazer.
GZH: e após quatro décadas de carreira, o que você ainda almeja?
HG: o ano que vem será a vez da turnê acústico e depois, no fim de 2025, eu devo preparar um novo disco de inéditos. O que me move são sempre os discos novos, é o que faz o meu coração bater “alguns BPMs” mais rápido. Porque o fato do tempo passar me dá prazer, eu não tenho medo nenhum dos meus cabelos brancos, das minhas rugas e dos meus calos na mão.
Apesar de eu ter evoluído muito como performer, a minha grande paixão é a composição, descobrir um verso que não foi dito ainda, e achar a expressão musical certa para ele.