Por Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR e diretora da Clínica de Stress e Biofeedback
O fim da emergência de saúde pública da covid, declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), não representou o fim da doença e nem de suas consequências. Uma delas está sendo sentida no trabalho. O estresse profissional afeta 72% dos brasileiros, frequentemente causando adoecimento. Além disso, o custo com esse estresse ocupacional no Brasil é estimado em 3,5% do PIB.
Com a pandemia, a situação se agravou. O home office possibilitou mais flexibilidade e qualidade de vida no trabalho, e a volta ao esquema presencial, ou híbrido, em alguns casos, representou um fator de estresse. A situação gerou angústia, adoecimento, faltas e até pedidos de demissão.
Avançam as pesquisas apontando novas situações além da síndrome de Burnout, já reconhecida como um importante gatilho das doenças de trabalho
A pressão profissional também aumentou. É preciso aumentar a produtividade e os resultados para compensar o tempo perdido nos últimos anos. Por outro lado, as empresas procuram profissionais cada vez mais equilibrados e produtivos, mas essa exigência acaba justamente aumentando a pressão e o estresse.
A insegurança também aflige trabalhadores e empresários. Com frequência, demissões em massa e pedidos de falência são anunciados na imprensa. Essa instabilidade em relação à permanência no trabalho realmente está causando um ônus muito grande e uma pressão enorme, resultando em mais estresse no trabalho e em adoecimento.
Em contrapartida, algumas empresas e especialistas das mais diversas áreas têm se destacado por criar soluções para tornar o ambiente de trabalho mais saudável – e produtivo.
Também avançam as pesquisas apontando novas situações além da síndrome de Burnout, já reconhecida como um importante gatilho das doenças de trabalho. Uma delas é a depressão ocupacional, tema de estudo do pesquisador americano Irvin Shonfeld, professor emérito do City College e do City University of New York, que fará a abertura do 23º Congresso de Stress e QVT da Isma-BR. O evento será realizado de 20 a 22 de junho, em Porto Alegre. É uma oportunidade para mostrar que é possível conciliar trabalho e saúde com qualidade de vida.