Falar a verdade deveria ser pré-requisito para qualquer agente público. Ma,s para falar em verdade, é importante entender que muitas vezes, como se fossem verdades, o que se ouve são meias verdades – aquelas que, na realidade, escondem uma mentira por inteiro. Como, por exemplo, afirmar que o ato de venda de uma estatal significa pura e simplesmente se desfazer de um bem público. No caso da CEEE, aqui no RS, esse poderia ser um bom argumento.
Mas qual é a verdade? Completa, sem subterfúgios ideológicos? A verdade é dolorida. Para manter a concessão, o Estado precisa investir mais de R$ 2 bilhões na companhia. Dinheiro esse, sim, público, que serviria para pagar a remuneração de professores e policiais ou repassar verbas para hospitais. Verdade nua. Que há muito tem sido repetida pelo governo Sartori. Que agora pretende ser escancarada em um plebiscito que só beneficia a democracia e o amplo debate da verdade. Mas, como ela machuca para alguns, por que revelar?
Chegou a hora de entender que falar a verdade dói. Mas ser enganado dói ainda mais.
Outra verdade dolorida também, para todos nós, é sabermos que nosso Estado está na pior situação do país na relação entre funcionários na ativa e inativos. São quase dois inativos para cada servidor que está em trabalho. É uma "façanha" que também se aplica ao fato de ser o Estado que mais gasta com funcionalismo, sobrando pouco para investimentos. Pense comigo, o quanto deve ser dolorido para um governo enfrentar a realidade de que todo mês faltam recursos para suprir a necessidade básica que é pagar os salários?
Mas verdade seja dita. Falar a verdade sempre foi difícil na política. Não estamos acostumados. Fomos criados num Estado onipotente, onipresente, detentor do controle financeiro, do poder para ser financiado a qualquer custo.
Chegou a hora de entender que falar a verdade dói. Mas ser enganado dói ainda mais. O "me engana que eu gosto" chegou no ápice da incompetência. Traduzida na falta de fôlego para termos serviços básicos de qualidade e na busca de votos de forma inconsequente. Em ano eleitoral, o futuro que queremos é de transparência e verdade. Doa a quem doer. E, para nós, esse futuro já começou.