Cerimônia marcada para hoje de manhã em Porto Alegre tem todas as condições de significar ao mesmo tempo um marco e um alento na área de segurança pública no Rio Grande do Sul. Líderes empresariais, representados pelo Instituto Cultural Floresta, fazem a primeira entrega formal ao poder público gaúcho de equipamentos adquiridos por meio de contribuições privadas para reforçar a atuação das polícias civil e militar. Simultaneamente, formalizam o encaminhamento ao governo do Estado de uma proposta de mudança na legislação que, a exemplo da existente hoje na área cultural, facilite a doações para a segurança. Diante de um setor público sem condições de investir o mínimo necessário no combate ao avanço da criminalidade, a iniciativa inaugura uma perspectiva nova, que precisa de apoio coletivo.
Como reconhecem os responsáveis pelo projeto, a falta de condições do setor público para agir de forma ostensiva na segurança pública, dispondo de policiais em número adequado e bem equipados nas ruas, e punitiva, com presídios capacitados para a ressocialização, é apenas uma das razões do aumento da violência. Ainda assim, é a mais fácil de ser enfrentada, com a alocação de recursos em volume adequado e sua destinação eficaz, como a que resultou nas primeiras doações, incluindo fuzis e equipamentos de rádio a dezenas de viaturas.
O aumento da criminalidade é uma questão para a qual não se pode esperar soluções apenas por parte dos políticos
O volume de doações só não é maior neste primeiro momento porque os empresários gaúchos motivados por essa causa ainda esbarram em uma série de entraves burocráticos que precisam ser enfrentados com mudanças na legislação, em âmbito estadual e federal. No plano local, a expectativa é de que, se a proposta de criação de uma espécie de Lei Rouanet nessa área for adiante e aprovada pela Assembleia, os jovens passem a migrar menos para o crime, contribuindo assim para aumentar a sensação de segurança da sociedade de maneira geral.
Um dos maiores méritos da ação de líderes empresariais gaúchos em favor de mais segurança no Estado é o de promover uma inédita união de esforços entre setor privado e poder público. O aumento da criminalidade é uma questão para a qual não se pode esperar soluções apenas por parte dos políticos. Como argumentam os responsáveis pela iniciativa, não faz sentido esperar resultados diferentes se as ações para alcançá-los continuarem as mesmas.