Antes, tínhamos a figura do menor abandonado. Hoje, temos a do maior abandonado. Não necessariamente aquele dos versos de Cazuza, em busca de "migalhas dormidas do teu pão". Não apenas esse, mas também o homem e a mulher de rua percebidos menos pelo olhar, que desviamos porque incomoda, e mais pelo cheiro de corpo que geralmente clama por banho, pelo ruído do carrinho de supermercado transbordando tralhas, não compras, pela insistência na abordagem, pela voz típica de quem bebe ou se droga, pelos latidos de cães sem comida e sem vacina, mas que pelo menos os encaram como seres humanos, não como zumbis.
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