Diante de dificuldades financeiras crescentes, que vêm provocando uma onda de parcelamento nos salários dos servidores, Estados e municípios têm se inclinado por um dos caminhos definidos pela União para fazer caixa: partem cada vez mais para a venda de ativos. Desde que não seja simplesmente para fazer caixa, o que tende a provocar resultados apenas num primeiro momento, mas busque também a eficiência nos serviços para usuários, essa pode ser uma saída adequada diante das circunstâncias. O que não faz sentido é os gestores públicos, acossados por problemas financeiros de maneira geral, assistirem passivamente ao processo de inviabilização financeira de empresas que, hoje, não conseguem mais se mostrar rentáveis, nem justificar sua existência.
Entre as empresas públicas com perspectivas de solução via mercado, estão as com atuação nas áreas de energia elétrica, gás natural, saneamento básico e iluminação pública. Em muitos casos, nem Estados nem municípios vêm conseguindo assegurar um mínimo de equilíbrio financeiro e padrões de qualidade para justificar a continuidade de sua condição como estatal.
Uma saída, portanto, é aproveitar o agravamento da crise e o período de menor resistência à atuação da iniciativa privada nessas áreas para recorrer a alternativas como privatização, concessões e parcerias público-privadas (PPPs). Na área de saneamento básico, por exemplo, essa vem sendo apontada hoje como uma saída em pelo menos 15 Estados.
Quando o poder público perde as condições de fazer com que suas estatais atendam aos interesses dos usuários, um caminho mais racional passa a ser a venda de ativos. Isso significa que é preciso acenar com uma perspectiva favorável para os consumidores e reduzir o desperdício de dinheiro público em Estados e municípios, a exemplo da União. Ao mesmo tempo, essa opção ainda pode contribuir para movimentar a economia, dando margem a negócios bilionários.