* Socióloga e especialista em segurança cidadã
Sente-se, com razão, nas ruas das cidades, a violência nossa de cada dia. Hoje, a América Latina abarca 8% da população mundial e 38% dos homicídios. Por conta disso, organizações internacionais e nacionais criaram a Campanha Instinto de Vida para induzir a redução de 50% dos homicídios em 10 anos na região, incluindo o Brasil, que é líder em números desse crime no mundo – 60 mil vítimas por ano, preferencialmente jovens, homens, negros, de baixíssima escolaridade e de periferia. A campanha visa informar os governos e a cidadania sobre políticas de segurança que funcionam para que não se insista em iniciativas que não são resolutivas.
Apesar de 78% dos brasileiros acreditarem que quanto mais armas em circulação, mais mortes teremos, parte do Congresso Nacional está trabalhando na contramão da opinião pública para revogar o Estatuto do Desarmamento em uma conjuntura, pasmem, em que as armas são responsáveis por 72% dos homicídios ocorridos no território nacional. Aumentar a circulação desse instrumento significa incrementar os crimes violentos que atingem todas as classes sociais.
Nesse contexto, o papel dos municípios vem sendo apontado como primordial para a redução do medo e delitos nas cidades, onde o encontro dos cidadãos com o poder público se faz mais efetivo através do acesso a serviços públicos e do potencial mobilizador do poder local, inclusive de agências de segurança e justiça, como se verifica nos Gabinetes de Gestão Integrada Municipal.
O caminho de reversão desse quadro de insegurança passa pela liderança dos gestores locais para o estabelecimento de estruturas de gestão, produção de conhecimento, programas de diminuição de fatores de risco e aumento da proteção, como também de estímulo ao protagonismo das Guardas Municipais.
Ao menos 50 milhões de brasileiros (1 em cada 3 de nós), as vítimas ocultas, conhecem alguém próximo que sofreu violência letal, mas não se pode deixar o medo e o ódio serem usados contra nós, pois foi por essa (in)equação que nós chegamos ao fundo do poço. Queremos mais #instintodevida.