Os primeiros movimentos da política econômica do governo Trump convergem para a ativação de mecanismos de fechamento das fronteiras físicas e do comércio internacional. Mais do que neoprotecionistas, representam – pela dimensão política dos EUA – a desconstituição do processo de globalização mundial.
Diversos países e regiões já apontavam para a volta a modelos de economia mais fechada, dado que os modelos de integração – tipo Comunidade Europeia – não apresentaram os resultados esperados.
Trump desafia de forma quase juvenil acordos tácitos ou explícitos com países e regiões, provocando mais confusão do que certeza nas tendências do tabuleiro internacional.
O que projetar como consequências para o Brasil? O que nos protege é uma certa insignificância no comércio internacional e um déficit na balança comercial com os EUA. Somos uma economia fechada, com baixa competitividade e com uma pauta de exportações composta por produtos não semelhantes aos americanos. Pelo lado da economia real, pouco irá impactar no nosso PIB as dissonantes políticas trumpianas.
Todavia, o risco Trump está numa aposta que conhecemos: uma matriz produtiva nacionalista estimulada por gastos públicos maiores, estimulará inflação e taxa de juros. A disputa por títulos públicos americanos aumentará o apetite de investidores hoje portadores de títulos brasileiros. Dólar e Selic terão que responder com patamares maiores, justamente quando o presidente do nosso Banco Central se comprometeu com o movimento contrário.
O que se solidifica, com grau de certeza elevado, é que os eleitores e cidadãos deparam com líderes que desafiam o mínimo de inteligência exigido para ocupar tão relevantes postos. Lá como aqui, o ímpeto de novas lideranças sucumbe diante dos arcaicos modelos econômicos propostos. Em plena era de disruptivas inovações, as fórmulas de gestão política fazem lembrar déspotas não esclarecidos.
Um novo game pós-global começou, façam suas apostas.