O governo Temer vai virar o ano com baixíssima popularidade e péssima credibilidade política, mas com alguns avanços visíveis na área econômica. A aprovação da PEC do teto dos gastos públicos e o encaminhamento das reformas trabalhista e da Previdência, juntamente com correções pontuais como o plano de reestruturação da Petrobras, indicam providências sensatas e bem-intencionadas no enfrentamento da crise econômica.
Como disse o próprio presidente nesta semana, durante cerimônia de saudação de fim de ano às Forças Armadas, no país "não há mais espaços para feitiçarias como imprimir dinheiro, maquiar contas e controlar os preços". Não há mesmo. Com o impeachment e a Operação Lava-Jato, os brasileiros levaram um choque de realidade e passaram a controlar melhor a administração pública. Se os governantes não observarem boas práticas administrativas e não enfrentarem com coragem os entraves da economia, o país continuará enredado na burocracia, no paternalismo e nas maquinações políticas que retardam o seu desenvolvimento.
Como o combate à corrupção vem ocorrendo num ritmo inédito na história do país – nunca tantos poderosos vão passar a virada de ano na cadeia –, a reativação da economia passa a ser prioridade, especialmente por causa dos 12 milhões de trabalhadores excluídos do mercado de trabalho. Ninguém ignora que, ao enfatizar suas próprias realizações, o governo tenta dar visibilidade à sua agenda positiva para deixar em segundo plano as notícias ruins, notadamente as investigações sobre integrantes do primeiro escalão e da base parlamentar. Mas, independentemente de segundas intenções, o importante é que as medidas adotadas ajudem o país a superar logo esta crise que parece não ter fim.