Opinião

Editorial

O eleitorado descrente

Em nove capitais brasileiras, o número de votos brancos, nulos e de eleitores que não compareceram às urnas foi maior do que o do candidato que ficou em primeiro lugar nesses municípios. Isso ocorreu, inclusive, nos dois maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Rio de Janeiro, além de Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Belém, Cuiabá, Campo Grande e Aracaju. O recado dos não eleitores é claro: esse grupo de brasileiros está desencantado com os políticos e com a política da maneira como vem sendo praticada no país.

A Operação Lava-Jato, que desnudou o mais amplo esquema de corrupção da administração pública na história da nação, e a participação dos grandes partidos nesse esquema delituoso, especialmente daqueles que vêm ocupando o poder nas últimas décadas, contribuíram fortemente para o sentimento de decepção coletiva. Mas o principal elemento motivador da indiferença política é a dificuldade dos eleitores para identificar bons candidatos entre os pretendentes a cargos públicos, potencializada por discursos e promessas dissociados da realidade.

Resgatar a confiança desse eleitorado descrente, portanto, passa a ser o grande desafio dos eleitos. Para isso, os prefeitos e vereadores que logo assumirão seus mandatos precisam focar suas ações e administrações na transparência, na seriedade e no gerenciamento eficaz dos gastos públicos. Devem considerar que o desencanto não se restringe aos eleitores que não votaram ou invalidaram seus votos. Também os cidadãos que apostaram em determinados candidatos exigem honestidade e permanente prestação de contas, para continuar acreditando na representação política como sustentáculo da democracia.

Depois do voto, é imprescindível continuar acompanhando e fiscalizando os eleitos, pois os eleitores que se omitiram, querendo ou não, também estão sendo representados por aqueles que votaram por todos.

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