Aproxima-se o dia do impeachment e da efetivação do governo Temer, que assumirá num quadro social de rejeição e de expectativas sociais de que algo mude no Brasil.
A população demonstra, claramente, um descontentamento com o modelo de governança atual e com sua classe de políticos. Tem a consciência de que é necessário gerar empregos e desenvolvimento com serviços públicos de qualidade. Para tanto, há reformas imprescindíveis que dependem do Congresso para a sua efetivação. Este, no entanto, mostra-se fragilmente convergente no apoio às medidas amargas necessárias e (sabemos!) que, para agir, exige "agrados" patrimonialistas do Executivo.
O governo temporário Temer, até aqui, transigiu para manter a base de sustentação no Congresso que lhe assegurasse o impeachment da sua antecessora. Mas no day after, qual será seu comportamento? Terá lideranças no Congresso que efetivem as reformas fundamentais à nossa retomada para o crescimento?
Neste contexto, ainda teremos os desdobramentos da Lava-Jato que, possivelmente, poderão atingir nomes da base do governo. O futuro de Temer é de equilibrista no fio de arame, num esforço para conjugar os planos para mudar o Brasil com o apoio e as expectativas de um Congresso patrimonialista focado nas próximas eleições. A sociedade tem se mostrado observadora e descrente, verificando as ações e atitudes do governo que possam indicar que estamos mudando o Brasil. Teremos, ainda, as corporações associadas a movimentos de oposição, todos ativos na defesa dos seus interesses menores, em detrimento da sociedade.
Em médio prazo, a próxima eleição presidencial servirá para dividir a base temporária de apoio congressual. A grande questão é como Temer se comportará neste cenário complexo que demandará uma grande habilidade para equilibrar uma convergência sociopolítica para medidas mínimas que visem à retomada do crescimento sustentável. Espera-se que o custo desta convergência não tire a direção das reformas prioritárias pelas quais o Brasil tem, necessariamente, que passar. Espera-se que a sociedade brasileira, através de suas lideranças, participe para apoiar – não ao Temer, mas ao Partido Brasil que ele possa representar –, para não deixar que os políticos e as corporações mobilizadas decidam o que é bom para eles, e não para o Brasil.