Proponho fazermos uma comparação entre as abordagens ocidental e oriental no que diz respeito ao desenvolvimento da atual geração. Nesta contraposição, os princípios culturais dos hemisférios oeste e leste se traduzem na forma como as famílias conduzem o processo de educação dos seus filhos. No Oriente, os filhos crescem aprendendo que tudo o que possuem é devido aos seus pais. São os progenitores que conduzem os filhos à escola, em direção a grandes universidades e promissoras carreiras. Neste processo, os pais cobram, desde cedo, disciplina, ritmo e dedicação intensiva nos estudos. Lá, os pais são o centro determinante e, os filhos, a periferia obediente.
Já no Ocidente, com a multifacetação das famílias aliada a uma cultura de concessões condescendentes, pais e mães disputam entre si o amor dos filhos, entregando-lhes, como prêmio, um afeto incondicional e sem restrições ou limitações, assim como o acesso a bens de consumo. Isto coloca os filhos no centro e, os pais, na periferia, como provedores de amor e de recursos. Os pais tornam-se a periferia assistencial sem as devidas contrapartidas.
Criados nesta cultura, os jovens do Ocidente julgam-se estrelas para os futuros palcos da vida. Com tal espírito, entram na vida profissional como se fossem estrear sob os aplausos do sucesso. A decepção vem quando deparam com uma realidade bastante diferente da que lhes foi contada. Deixam de ser o centro e viram a periferia, passando a disputar, com suor, cada milímetro para ascender. Alguns (poucos) conseguem, a muito custo, entender a tempo a "nova realidade". Mas grande parte afunda na decepção, abandonando a corrida.
No Brasil, tais características se aprofundam, pois vivemos numa sociedade carente de valores, com muitos direitos e poucos deveres. Esta realidade pode ser constatada nas escolas onde alunos agridem professores impossibilitados de impor a disciplina, imprescindível na educação e formação de uma pessoa. Vão se formando "cidadãos" que sabem dos seus direitos, mas desconhecem a contrapartida ou devolução social dos deveres; que dispõem de uma imensa liberdade na razão em que as descortesias sociais ficam impunes. Mais que uma educação temática, temos que ensinar que o afeto e o carinho familiar devem originar um retorno sob a forma de compromissos comportamentais que construirão o cidadão do futuro. Passar a "mão na cabeça" da nova geração cria uma sociedade infeliz, cada vez mais suscetível às drogas ofertadas de maneira impune em cada esquina deste país.