O governo brasileiro queixa-se de que as agências internacionais de classificação de risco não estão considerando o esforço do Brasil para alcançar o equilíbrio fiscal, pelo que o rebaixamento da nota de crédito do país seria injusto. Não se pode chancelar esta interpretação. Ainda que seja doloroso ver o país perder o status de confiável para acolher recursos dos grandes fundos internacionais, a verdade é que a estagnação econômica, os gastos crescentes do setor público e a interminável investigação da corrupção na Petrobras mancham a credibilidade do Brasil. Se nem os próprios brasileiros veem saída breve deste lamaçal, como vamos querer que os investidores estrangeiros confiem no país?
O lamentável é que, mesmo depois do impacto provocado pela perda do grau de investimento - uma recente conquista, obtida depois de um longo percurso assegurado pela estabilização e pela seriedade fiscal -, o país reage de forma constrangedora. Diante da decisão da agência Moody's, o Ministério da Fazenda apenas reafirmou o compromisso com o ajuste fiscal, até agora de resultados pífios, e reiterou o compromisso com uma reforma da Previdência que sequer está formulada. Nada disso é consistente a ponto de evitar que o país, perante os investidores, deixe de ser considerado de imediato um mercado de segunda classe.
Quando o país deixa escapar avanços como o grau de investimento, todos os brasileiros perdem, o que reforça a urgência do recrudescimento no ajuste e de reformas como a previdenciária. O inadmissível é mantê-lo refém de uma situação que, sem mudanças, só tende a piorar, com mais desemprego e agravamento da já preocupante dívida pública.