Quando fechamos a pauta da edição deste fim de semana, percebemos que o conjunto da obra ficou bem Rio Grande do Sul. Nossa manchete mostra que, enquanto no país o transporte de cargas sobre trilhos cresce, no Estado houve um recuo nos últimos cinco anos. A reportagem de Caio Cigana faz um mergulho pelo Interior para retratar o abandono do sistema ferroviário e suas consequências para o desenvolvimento do RS. No caderno DOC, a editora Rosane Tremea relata na reportagem "Prazer, Pinheiro Machado. Mas pode chamar de Cacimbinhas" a história do município do sul do Estado que foi obrigado a trocar de nome por causa do assassinato de um senador. No mesmo suplemento, o repórter Alexandre Lucchese relembra a trajetória do Gaúcho da Fronteira, músico que comemorou 70 anos nesta sexta-feira. E, no Donna, cineastas e produtoras gaúchas debatem o que o cinema ganha com mais mulheres atuando atrás das câmeras.
Aqui na Zero Hora a gente tem sempre o cuidado de não parecer muito "Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra" – de não exagerar no gauchismo. Em outros anos, passamos do ponto: bastava estourar uma bomba do outro lado do mundo, que lá vinha a Zero Hora perguntando se algum gaúcho tinha sido ferido. Virou até piada.
Brincadeiras à parte, os leitores nos dizem que tentar ligar tudo ao nosso umbigo não faz sentido, e eles têm razão. Passamos a criticar internamente os possíveis excessos. Mas não é contraditório que pesquisas com o público de ZH apontem assuntos locais como prioritários. Vocês nos dizem que querem saber o que está acontecendo na cidade e no Estado, porque isso impacta no dia a dia. Não para parecer que tudo tem a ver com os gaúchos, e sim para debater como melhorar a vida por aqui. Por isso o posicionamento de ZH, já faz algum tempo, é "Perto para entender, junto para transformar".
Pensei nisso na quinta-feira à noite, em um evento na Sogipa, quando Zero Hora foi reconhecida no prêmio Top of Mind da Revista Amanhã como o jornal mais lembrado pelos gaúchos. Pelo 27º ano consecutivo.
Há quase três décadas, os entrevistados dizem mais "Zero Hora" do que outras marcas quando se pergunta sobre o jornal mais lembrado.
Funciona assim: 1,2 mil pessoas, de 34 cidades gaúchas, entre 16 e 65 anos, de todas as classes sociais, respondem espontaneamente quais marcas surgem em suas cabeças quando se fala em empresas, produtos e serviços, além de veículos e profissionais de comunicação*. Empresa? A Gerdau ganhou. Em segundo lugar, Banrisul e GM. Depois vieram Tramontina, Marcopolo e RBS. São mais de cem premiações, que vão de loja de material de construção (Tumelero) a talheres (Tramontina), de rede de loja de calçados (Paquetá) a locutor esportivo de rádio (Pedro Ernesto Denardin, todo pimpão por ser novamente lembrado).
Atuamos aqui. Somos reconhecidos pelo público daqui. Mas ainda dá um frio na barriga quando, pela 27ª vez, como se fosse a primeira, vocês nos dizem que jornal, no RS, é Zero Hora. Cresce nossa responsabilidade. E nossa gratidão por termos um público tão querido e que, junto conosco, quer fazer desse Rio Grande um lugar melhor.
*Pela ordem, ZH ficou com 29,6%, Diário Gaúcho com 13,8%, Pioneiro com 5,5%, Correio do Povo com 4,6%, Diário de Santa Maria e NH com 3,1% cada um, VS com 2,6%, Gazeta do Sul com 2,5%, Agora e A Tribuna com 2,3%. Outras marcas tiveram 49,4%, e não sabe/não respondeu, 1,7%.