Ao começar a escrever esta carta, lembrei-me de uma reunião que tivemos aqui na minha sala, com o recém-formado Grupo de Investigação. Planejávamos a reportagem "Perigo no prato", que você leu durante a semana em ZH, e que denunciou a contaminação por excesso de agrotóxicos nas frutas e verduras vendidas na Ceasa. Se não leu ou perdeu algum dos capítulos, basta acessar o site que está aí ao lado.
– Podemos fazer a diferença – eu disse aos repórteres e editores. – Imaginem as gerações futuras deste Estado, com uma alimentação sem agrotóxicos proibidos ou em excesso.
Quando falei aquilo, soou meio idealista. Será possível uma transformação dessa grandeza? Meia dúzia de repórteres e editores contra uma realidade já tão cristalizada lá fora? Todo mundo desconfiava que havia negligência e abusos nessa questão do uso de agrotóxicos. Faltava demonstrar, investigar, comprovar. Foi este o desafio do Grupo de Investigação da RBS.
Para nossa satisfação, a resposta à provocação um tanto idealizada já veio na sexta-feira, quatro dias após o início da publicação da reportagem. Várias medidas serão tomadas, segundo a promotora Caroline Vaz, coordenadora do Centro de Apoio ao Consumidor do Ministério Público.
1) Em conjunto com a Polícia Civil, o Ministério Público abrirá investigações criminais para apurar casos de abuso de agroquímicos em plantações de alimentos.
2) O Ministério Público buscará verbas para viabilizar a contratação de um laboratório privado para analisar os hortifrutigranjeiros.
3) O acordo que prevê o monitoramento da qualidade e o nível de resíduos de agrotóxicos dos alimentos vendidos na Ceasa sofrerá modificações.
Levantamos este assunto, o primeiro do Grupo de Investigação, e não vamos desistir. Estamos felizes que as primeiras providências estão sendo tomadas. Seguiremos acompanhando a qualidade das frutas, verduras e legumes vendidos na Ceasa, para que, efetivamente, nossos filhos e netos tenham mais segurança alimentar.
Entre em contato: o Grupo de Investigação da RBS tem recebido dezenas de dicas de assuntos para investigar. Se você quer se comunicar com a equipe, escreva para gdi@gruporbs.com.br.
Sua identidade será preservada.
PRISÕES EM UNIVERSIDADES - Uma operação da Polícia Federal, chamada PhD, foi deflagrada nessa sexta-feira pela manhã. A repórter Adriana Irion chegou à Redação avisando: "Vocês viram? Consequência da nossa reportagem 'Universidades S/A'!". Eu explico: no ano passado, publicamos uma reportagem em conjunto com os jornais O Globo, Estadão, Diário Catarinense e Gazeta do Povo, denunciando o tráfico de influência no mundo acadêmico. A investigação revelou que docentes, mesmo tendo contrato de exclusividade com a universidade, ganhavam mais dinheiro em atividades externas do que na academia. Ou que alguns professores obtiveram o título de mestres sem ao menos frequentarem as aulas. Na época, os repórteres Adriana Irion e Humberto Trezzi denunciaram tudo isso, com seus colegas de outras importantes redações do país. Além de premiada, a reportagem agora resultou na operação da Polícia Federal, com seis presos (quatro professores e duas servidoras de universidades). Entre os delitos imputados a eles, está o de ficar com parte do dinheiro das bolsas dos alunos e, também, facilitar aprovações.
Duas reportagens, "Perigo no prato" e "Universidades S/A", que traduzem o "Perto para entender. Junto para transformar", posicionamento de ZH lançado em 2016. Queremos estar cada vez mais próximos dos leitores, compreendendo o que é importante e ajudando a tornar esta sociedade melhor.
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