A sala lotada, as mãos que não paravam de mexer e sorrisos nervosos indicam que o evento que acontece na tarde desta quinta-feira (3), no Auditório do Memorial do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, era aguardado com ansiedade. No local, são apresentados os projetos de leitura e escrita da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Sul (Fase).
Cerca de 30 jovens fazem depoimentos de suas experiências e o que mudou na forma de pensar com a leitura. Além disso, um dos jovens apresentou uma pesquisa feita a partir de entrevistas com diversos profissionais sobre o analfabetismo funcional.
O chefe do núcleo de Esporte, Lazer, Cultura e Espiritualidade da Fase, Isair Barbosa Abrão, explica que a atividade faz parte do projeto de ressocialização e inclusão social, por meio da leitura. Durante os meses de outubro e novembro, autores que participam da Feira do Livro de Porto Alegre visitam as unidades da Fundação para conversar com os leitores sobre determinadas obras.
Para o jovem J.C., que está há dois anos na Fase devido ao envolvimento com o tráfico de drogas, a leitura mudou sua vida e os projetos para o futuro. Autor da pesquisa sobre analfabetismo funcional, o adolescente disse que ao sair da Fase não voltará para o crime e que, inclusive, a irmã já conseguiu um trabalho que será iniciado quando ele voltar para casa.
"Quando eu comecei a ler, aprendi coisas novas para o futuro e quero sair daqui para começar a trabalhar. Vai mudar muitas coisas porque vou construir minha família", conta.