Encaminhado para votação do plenário no Senado, o projeto que prevê a legalização de jogos de azar no Brasil suscita discussão sobre a possibilidade de o governo federal arrecadar recursos através deste tipo de atividade. A geração de renda é o argumento de parlamentares que apoiam a liberação, como o senador Fernando Bezerra. Ele calcula R$ 29 bilhões em arrecadação para o governo federal em três anos após a legalização.
Em entrevista ao Gaúcha Repórter, nesta quinta-feira (10), o presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal, Magno José, afirmou que a conta pode ser ainda maior, considerando que governo cobrará 30% de Imposto de Renda.
"Hoje o jogo clandestino movimenta R$ 19 bilhões por ano, mas o potencial do mercado é de R$ 60 bilhões por ano. Se considerar a tributação média mundial de 30%, estamos falando em R$ 18 bilhões ao ano apenas em tributo. Aí tem a questão das outorgas e licenças que vão ser concedidas em licitações, ou seja, o governo poderá arrecadar um valor muito alto na hora de fazer a licitação. Uma outorga de cassino pode gerar um valor semelhante a de um aeroporto, que seria em torno de R$ 3 bilhões só na concessão", estima.
O dado de R$ 19 bilhões foi contabilizado pelo Instituto através de registros de ocorrências envolvendo jogos de azar e de integrantes que foram a campo falar com proprietários ilegais. Segundo José, a atividade que mais arrecada atualmente no Brasil é o jogo do bicho com R$ 12 bilhões por ano.
De acordo com o projeto que tramita no Senado, os cassinos deverão ficar em complexos turísticos. Os bingos só poderão ser abertos em cidades com mais de 200 mil habitantes. Porto Alegre, por exemplo, poderia ter até 7 bingos.
O senadores que contrariam a proposta alegam que a liberação dos jogos seria uma oportunidade para a lavagem de dinheiro, narcotráfico e corrupção.