As tropas brasileiras do Exército no Haiti estão auxiliando na ajuda humanitária após a passagem do furacão Mattew. O comandante do contingente brasileiro, coronel Sebastião Roberto Oliveira, falou ao Gaúcha Repórter nesta segunda-feira. Ele informou que as equipes estão precisando abrir caminho para que os caminhões consigam levar alimentos e produtos de higiene aos locais afetados. As tropas foram deslocadas do Oeste para a região Sudoeste, que foi a mais afetada.
"Encontramos dificuldades grandes para chegar ao local. Havia muitos obstáculos no caminho; pontes destruídas; fiação e árvores caídas. No local, avaliamos os danos e o trabalho que poderíamos fazer para a ajuda chegar aos necessitados".
Confira a entrevista:
Leandro Staudt – Muitas famílias foram afetadas e perderam o pouco que tinham?
Coronel Oliveira - Fizemos um sobrevoo por toda a região e pude, como testemunha ocular, identificar uma destruição muito grande em quase todas as vilas. Segundo a coordenação humanitária da ONU, há 1,4 mil pessoas precisando de assistência. Mais de dois milhões foram afetadas de alguma forma. Isto representa 12 a 13% de toda a população haitiana.
Leandro Staudt - Os acessos já foram retomados?
Coronel Oliveira - Nosso contingente tem cerca de 970 militares, incluindo Marinha, Exercito e Força Aérea. Percorremos uma distância de mais de 200 quilômetros abrindo caminhos. A maioria dos acessos foram restabelecidos, mas as cidades pequenas da costa litorânea ainda estão isoladas. O trabalho continua avançando para melhorar a engenharia e propiciar a chegada dos caminhões com ajuda humanitária.
Leandro Staudt – Além do contingente brasileiro, quais países estão presentes para ajuda humanitária no Haiti?
Coronel Oliveira – Uruguai, Peru, Chile e Bangladesh estão ajudando no componente militar. Outros países ajudam com componente policial.
Leandro Staudt – Ajuda humanitária da ONU já tem material para distribuir ou espera a chegada?
Coronel Oliveira – Já tem bastante material estocado porque o pais é afetado por furacões com frequência. Agora estão fazendo a logística para deslocar. O nosso trabalho é ajudar na escota, descarregamento e distribuição.
O coronel, que já esteve em missão em 2010 no Haiti, destacou ainda que as condições encontradas hoje no país são menos difíceis que no passado. À época, pós terremoto, havia muita gente desabrigada. Cinco anos depois, o número de pessoas fora de casa é bem inferior. A infraestrutura básica tem funcionado, como coleta de lixo segurança e policiamento. O comandante explicou ainda que por esta razão o Brasil já trabalha a retirada das tropas do local a partir do ano que vem.
Ouça a entrevista completa: