O Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa foi entregue, nesta quarta-feira (28), ao Jornal Gazeta do Povo, do Paraná. A distinção concedida pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) considerou uma série de reportagens expondo a remuneração dos membros do Judiciário e do Ministério Público daquele Estado. Após a publicação, em fevereiro deste ano, o jornal e cinco de seus colaboradores foram alvo de 48 processos encaminhados por juízes e procuradores.
Na solenidade de entrega do prêmio, em Brasília, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e vice-presidente editorial do Grupo RBS, Marcelo Rech, falou sobre o desafio de manter a independência e a liberdade de atuação de jornalistas.
“Nunca tivemos tantos países vivendo em regimes democráticos, mas, paradoxalmente, sou obrigado a escrever notas quase diárias de violação da liberdade de imprensa nos cinco continentes”, relatou.
Rech lembrou que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de jornalistas assassinados, e citou a violação contra o trabalho dos profissionais de comunicação em protestos, seja por iniciativa de ativistas ou de policiais.
As reportagens da Gazeta do Povo denunciaram que a soma das diferentes fontes de remuneração dos juízes e integrantes do Ministério Público (MP), todas completamente legais, resultou em "supersalários" superiores ao teto salarial constitucional. Os processos obrigaram os jornalistas a percorrerem quase 10 mil quilômetros, em um período de 18 dias, para 25 audiências.
“É duro, mas necessário reconhecer. A ameaça de que fomos objeto não nos deixou incólumes. Sentimos o impacto. Sofremos. Percebemos que o risco era realmente significativo, com potencial de inviabilizar nossos sonhos e nossos compromissos com a sociedade”, discursou o presidente executivo do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), Guilherme Döring Cunha Pereira, que é proprietário do jornal.
Presente no evento, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, falou o posicionamento do governo Temer sobre a atuação dos profissionais de comunicação.
“A liberdade de imprensa está no DNA do PMDB. No governo do presidente Michel Temer, seguramente a liberdade de imprensa será resguardada, prestigiada e protegida”, disse Padilha.
O prêmio da ANJ foi criado em 2008, com objetivo de homenagear pessoas, jornais ou instituições que tenham se destacado na promoção ou defesa da liberdade de imprensa.