O estado de Santa Catarina está logo ali, é só atravessar os rios Uruguai, Pelotas ou Mampituba. Se analisar pelas contas públicas e perspectivas econômicas, fica muito, mas muito longe do Rio Grande do Sul. Acompanhando a economia brasileira, as projeções são de fechamento de 2015 com queda no Produto Interno Bruto gaúcho. Nem preciso lembrar das finanças do Piratini, que não consegue pagar em dia o funcionalismo público.
Os servidores catarinenses trabalham tranquilos, sem chance de ficar com as contas penduradas no fim do mês. Em julho, receberam a antecipação de 50% do valor do 13º salário de 2015. Não tem nenhum segredo. O governo catarinense faz o básico, coloca o gasto dentro da receita. O secretário da Fazenda de Santa Catarina, Antônio Gavazzoni, me disse que todo o esforço é para pagar os compromissos em dia e ampliar a capacidade de investimento. Com isso, incentiva o empreendedorismo natural da população.
Em 2015, os investimentos públicos previstos por lá chegam a R$ 3 bilhões em obras. As rodovias estaduais não tem pedágio, toda manutenção e ampliação é feita com recursos dos cofres do governo.
Santa Catarina não faz novos empréstimos. Com a organização das suas finanças, usa recursos próprios para investimentos e não precisa pagar juros bancários. Em relação à receita anual, a dívida representa 45%. Só para efeito de comparação, no Rio Grande do Sul o índice é de 209%.
O maior gargalo para Santa Catarina é a previdência, que tem déficit de R$ 3,5 bilhões por ano. O governo tenta uma reforma, porque sabe que não tem como colher no futuro o que não for plantado hoje. Está aí o erro do Rio Grande do Sul, que sempre se rendeu às pressões das corporações. Por décadas, criamos privilégios e sempre gastamos mais do que arrecadamos. Hoje, vivemos o verdadeiro "Estado Mínimo", que oferece muito pouco: escola ruim, atendimento médico insuficiente, segurança capenga e estradas esburacadas. Simplesmente colhemos o que plantamos.