É revoltante o caso da jovem Gisele Santos, 22 anos, que por pouco não foi morta pelo companheiro em São Leopoldo. Ela teve as duas mãos e os dois pés decepados com facão no início do mês. Saiu do hospital com os pés reimplantados, mas sem a certeza do sucesso da operação. Nas mãos, não foi possível fazer nada. Nunca mais as terá. Numa cama, cheia de curativos, ela conversou com o colega Renato Dorneles, do Diário Gaúcho. Gisele disse que perdoa o companheiro, mas quer que fique preso.
Elton Jones Luz de Freitas, 26 anos, está preso, no entanto será improvável uma longa estada na cadeia. Eu recorri ao professor Cláudio Brito, que sabe tudo do Código Penal, para ter ideia do tempo de prisão se for condenado. Se for condenado por tentativa de homicídio, pega de 10 a 12 anos. Em menos de 5 anos, deixaria o regime fechado. Em muitos casos de tentativas de homicídio, os homens nem chegam a ir para o fechado, cumprindo pena direto no semiaberto.
O promotor criminal de São Leopoldo, Sérgio Rodrigues, entrevistado no Gaúcha Repórter, demonstrou indignação com a legislação, que dá valor muito baixo a uma vida. Eu e 99% dos brasileiros concordamos com ele.
A Gisele disse ao Renato Dorneles que espera ainda "a justiça de Deus". É melhor esperar por esta, porque a legislação brasileira é muito branda para esta e outras barbáries. Como pode uma mulher ficar marcada para a vida inteira, sem as mãos, e o agressor estar em liberdade em tão pouco tempo? São absurdos que ajudam a explicar a violência diária e a sensação de impunidade. As punições não correspondem à gravidade dos atos.