Há duas versões para Wander Pugliesi, o dono da piscina que tem a suástica ao fundo em Pomerode. A do professor camarada, capaz de fazer adolescentes se apaixonarem por história, e a do mestre que fazia clara apologia ao nazismo de Hitler. Ambas saíram das salas de aula que ele frequentou. As informações são do Jornal de Santa Catarina.
O polêmico Pugliesi foi titular em alguns dos mais importantes cursos pré-vestibulares de Santa Catarina. É descrito pelos alunos como um excelente professor, dono de grande magnetismo pessoal. Uma figura curiosa, já que as histórias sobre a coleção de objetos nazistas do mestre que foi recolhida pela Justiça eram assunto nos corredores dos colégios.
"Era uma espécie de ame-o ou deixe-o. Muitos alunos o idolatram por ser diferente dos demais com suas opiniões peculiares e outros o odeiam por se sentirem afetados por seus preconceitos latentes", afirma um aluno que frequentou as aulas do professor Wander em um conceituado cursinho de Itajaí e não quer ser identificado.
Desde que o desenho da suástica na piscina da casa de Pugliesi virou notícia, ex-alunos do professor travam uma batalha de opiniões nas redes sociais. Uma estudante de Blumenau, que também preferiu ficar anônima, traz outra versão para o perfil do professor:
"Ele nunca, jamais foi preconceituoso. Dizia que existem dois lados da verdade e que as informações são manipuladas, mas nunca achei que fez apologia. No meu ponto de vista, ninguém saiu prejudicado".
Diretor do pré-vestibular Acesso, em Blumenau, onde Wander Pugliesi leciona atualmente, Edson Felipe Grillo diz que o professor é do tipo que faz o aluno pensar. O descreve como alguém “de extremo respeito, ético e honesto”, mas que já foi alvo de queixas de alunos devido às posições políticas - o que, segundo ele, não é exclusividade de Pugliesi.
No colégio Energia, em Blumenau, onde lecionou até 2010, também foi benquisto. As queixas envolvendo o nome de Pugliesi seriam, da mesma forma, referentes às posições políticas, mas não em relação à predileção pelo nazismo. Um membro da direção da escola o definiu como um professor de personalidade forte.
O fato é que Pugliesi não parece se importar com polêmicas. Em 1994 mostrou em rede nacional, no Fantástico, a coleção de objetos nazistas que acabaria confiscada pela Justiça anos depois.
Em 1995 apareceu em reportagem do jornal Zero Hora, do Grupo RBS, sobre o avanço do nazismo na internet. O texto relata que ele batizou o filho como Adolf e possuía pôsteres do líder alemão nas paredes de casa.
Mais recentemente foi ouvido pelo Santa sobre o filme alemão A Queda, que mostra os últimos momentos da vida de Hitler. Disse que não assistiria a obras “mentirosas”.
Dos cogumelos à saudação nazista
Não se sabe exatamente há quanto tempo a piscina de Wander Pugliesi é decorada com a suástica nazista. A residência do professor de história fica no alto de um morro e é impossível ser vista da estrada. Os vizinhos mais próximos vivem a mais de um quilômetro de distância. Pugliese teria se mudado para a zona rural de Pomerode há cerca de 12 anos. Uma das poucas vizinhas diz que o professor leva uma vida reservada e sabe da coletânea de objetos nazistas que ele mantinha.
"É um ótimo vizinho, muito sociável, mas sabemos que é diferente de nós", diz.
Recentemente o professor começou a plantar cogumelos, que são vendidos a restaurantes locais - uma vida pacata numa das comunidades mais alemãs de Santa Catarina. A julgar pelas descrições de quem o conhece, Pugliesi parece mesmo um homem de hábitos simples e vida tranquila. Emocionou-se, porém, no dia em que uma turma de colégio, em 2002, decidiu homenageá-lo fazendo a saudação nazista durante a formatura. Naquele dia, o mestre chorou:
"Quis falar sobre isso porque hoje me faz sentir mal. Ele falava que Hitler fez muito pelo povo dele e questionava o Holocausto. Na minha cabeça, na época, não havia apologia no que ele dizia. Hoje entendo diferente", diz Larissa Beppler, ex-aluna.
Procurado pelo Santa, o professor Pugliesi não aceitou conceder entrevista.