As salas de aula vão permanecer vazias em Faxinalzinho, no norte gaúcho, pelo menos até a próxima terça-feira. Os alunos têm ficado em casa desde segunda-feira passada quando dois agricultores foram mortos após uma manifestação de indígenas. A decisão foi tomada em conjunto entre diretores de escolas e a prefeitura, responsável pela rede municipal. A Coordenadoria Regional de Educação vai readequar o calendário letivo para não haver prejuízo pedagógico aos estudantes.
Aparentemente, a rotina do pequeno município do norte gaúcho parece inalterada. Mas basta conversar com moradores e comerciantes para sentir o clima de insegurança que paira na comunidade. Todos estão apreensivos com novas manifestações dos kaingangues, que cobram uma definição do Ministério da Justiça sobre a demarcação de reserva indígena na região.
A maioria dos moradores evita dar entrevistas e fazer comentários sobre a relação com as tribos que vivem na região. "Estamos com medo, não sabemos o que pode acontecer já que o ministro desistiu de aparecer", disse o presidente da Associação de Moradores, Ido Marcon.
Nos últimos dias a tensão havia diminuído com o aumento da presença de policiais na cidade. Mas um vídeo divulgado no Youtube, onde um dos caciques ameaça retomar protestos, deixou os agricultores sobressaltados. A reportagem da Radio Gaúcha encontrou várias propriedades rurais vazias, já que as famílias foram para a área urbana da cidade temendo invasões.
Tamanho medo é injustificado, garante o cacique Deoclides de Paula. "Queremos pressionar as autoridades, mas sem conflitos. Não vão ocorrer novos bloqueios de estradas", assegurou.
Ontem, caciques de outras tribos e reservas estiveram em Faxinalzinho e realizaram uma assembleia que resultou em um documento encaminhado ao Ministério da Justiça.