O delegado Guilherme Wondraceck, diretor do Departamento de Investigações Criminais (Deic), afirma que houve, sim, crime na troca de telhado da Escola Estadual Professor Oscar Pereira, já que o governo estadual pagou a execução de uma obra que não foi realizada, conforme apurou a Operação Kilowatt, deflagrada na última semana.
Ele rebateu as justificativas apresentadas pelo secretário de Obras, Luis Carlos Busato, que alega que somente 30% das telhas da escola foram trocadas porque o restante do valor foi aplicado em outros serviços no próprio colégio.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Wondraceck ressaltou que tem provas de que houve crime, já que há relatórios de fiscais da Secretaria de Obras atestando, parcela a parcela, a conclusão, e documentos que provam que 90% da obra foi dada como concluída.
"Quem tomou a iniciativa de trocar só 30% do telhado? Onde está escrito isso? Com a autorização de quem? Foi um acordo entre quem? Entre a Secretaria de Obras e a construtora? A diretora ao fim da obra entendia que o telhado teria sido trocado todo, ela só ficou sabendo que o telhado tinha sido feito parcialmente quando foi fazer um passeio num morro e enxergou o colégio somente com as beiradas trocadas", questiona o delegado.
Wondraceck acredita em fraude, mas acrescenta que a perícia vai comprovar se houve má execução ou fraude. A partir de informações novas que estão chegando após a operação Kilowatt ter sido deflagrada, o delegado adianta que a investigação pode ser ampliada para outras escolas, já que de três obras verificadas pela Polícia Civil, três apresentaram problemas.
Entenda o caso
A Operação Kilowatt foi deflagrada no dia 9 de janeiro e desarticulou um suposto esquema de desvio de recursos em obras públicas do Estado. No total, oito pessoas foram presas pela Polícia Civil - quatro empresários e quatro servidores do governo. Todos foram liberados após prestarem depoimentos.
A investigação encontrou irregularidades em pelo menos seis obras, orçadas em R$ 12 milhões. Segundo a polícia, foi constada a existência de superfaturamento e pagamento de serviços não executados, cuja conclusão era atestada por um fiscal encarregado de auditar a obra.
Os servidores envolvidos foram afastados pelo governo gaúcho - assim como três diretores da Secretaria Estadual de Obras e um diretor da Secretaria Estadual da Educação, também investigados. Duas empreiteiras estão ligadas ao esquema, e outras cinco têm contratos suspeitos.