O acordo comercial com o bloco do Mercosul é "absolutamente crucial" para a UE, disse o comissário de Comércio da UE, Maros Sefcovic, a um comitê do Parlamento Europeu nesta quinta-feira (16).
"Acho que a importância estratégica desse acordo é absolutamente crucial para nós. Não apenas do ponto de vista econômico ou da segurança econômica, mas também da visibilidade estratégica" da UE, disse Sefcovic.
Para Sefcovic, o acordo "é uma parte intrínseca e inestimável de nossas políticas para reduzir os riscos por meio da diversificação do comércio e para garantir nossa competitividade industrial de longo prazo".
Em 6 de dezembro, o Mercosul e a UE anunciaram no Uruguai um acordo de livre comércio que ainda terá que passar por um complexo e longo processo de aprovação e ratificação antes de entrar em vigor.
O acordo foi exaustivamente negociado por cerca de 25 anos. As partes haviam anunciado um entendimento em 2019, mas novas leis ambientais aprovadas no bloco europeu levaram à reabertura das negociações.
Em discurso perante o comitê de comércio internacional do Parlamento Europeu, Sefcovic disse que esse foi o "maior acordo já concluído pela UE. É quatro vezes maior do que o que concluímos com o Japão.
"Tenho plena consciência de que os agricultores da UE estão preocupados com o possível impacto desse acordo de associação em determinados setores agrícolas, que já estão enfrentando dificuldades", disse ele.
Sefcovic disse que a Comissão Europeia - o braço Executivo da UE - levou "essas preocupações muito a sério ao negociar o acordo de associação".
O acordo sofre forte resistência da França, que acredita que deixará seu setor agrícola sem competitividade.
O legislador francês Thierry Mariani, do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, disse que a UE "sacrifica os agricultores franceses para o benefício quase exclusivo da indústria europeia e, em particular, dos carros alemães".
A deputada francesa Marion Aubry, do partido de esquerda A França Insubmissa, disse que "esse acordo de livre comércio com o Mercosul é um desastre".
Aubry disse que os cidadãos europeus "são inteligentes o suficiente para entender que esse acordo é uma catástrofe".
Sefcovic afirmou que o texto ainda passará por uma revisão jurídica e, em seguida, será traduzido para os idiomas oficiais da UE antes de ser apresentado "ao Parlamento Europeu e ao Conselho [Europeu] para análise no contexto dos procedimentos de ratificação".
* AFP