A aliança rebelde síria liderada por grupos islamistas anunciou neste domingo (8) ter tomado controle da capital do país, Damasco, e a queda do regime de Bashar al-Assad, que governou o país durante 24 anos.
Inicialmente, o paradeiro de Assad era considerado desconhecido. Mais tarde, agências de notícias informaram que o ditador e sua família se encontravam em Moscou. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Assad fugiu do país depois de perder apoio da Rússia.
A Síria é cenário de uma guerra civil desde a violenta repressão em 2011 pelo regime de Assad das manifestações pró-democracia no país, no contexto da Primavera Árabe. O conflito já deixou ao menos 500 mil mortos.
Após anos de estagnação, em 27 de novembro uma aliança liderada pelo grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), vinculado à Al Qaeda, iniciou uma ofensiva relâmpago no noroeste da Síria. Em 10 dias, os rebeldes tomaram as cidades de Aleppo, Hama e Homs até sua entrada em Damasco neste domingo.
— Depois de 50 anos de opressão sob o governo do partido Baath e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento (desde o início da revolta em 2011), anunciamos hoje o fim da era obscura e o início de uma nova era para a Síria — afirmaram os rebeldes.
Dezenas de pessoas saíram às ruas de Damasco, segundo imagens da AFPTV, para celebrar a queda do regime que era controlado há mais de meio século pela mesma família. Várias pessoas pisotearam uma estátua de Hafez al-Assad, pai de Bashar.
Na televisão pública, os rebeldes anunciaram a queda do "tirano" Bashar al-Assad e a "libertação" de Damasco. Também afirmaram que soltaram todos os prisioneiros "detidos injustamente" e pediram a proteção das propriedades do Estado sírio "livre". Os rebeldes ainda anunciaram "a fuga" do presidente em uma mensagem em rede social.
— Assad saiu da Síria pelo Aeroporto Internacional de Damasco antes que os membros das Forças Armadas e de segurança abandonassem o local — disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido que tem uma ampla rede de fontes dentro da Síria.
A AFP não conseguiu confirmar com fontes oficiais o paradeiro do presidente.
A Casa Branca afirmou que o presidente em fim de mandato, Joe Biden, acompanha "com atenção os extraordinários acontecimentos" em curso na Síria.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o primeiro-ministro sírio, Mohamed al-Jalali, afirmou que está disposto a cooperar com qualquer nova "liderança" eleita pelo povo.
O líder do grupo islamista radical HTS, Abu Mohammad al Jolani, pediu a seus combatentes que não se aproximem das instituições públicas e afirmou que devem permanecer sob a autoridade do primeiro-ministro até a "transferência oficial" do poder.