O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, acusou nesta quinta-feira (12) a Nicarágua de não respeitar o direito internacional e advertiu que tomará medidas se o ex-mandatário panamenho Ricardo Martinelli continuar lançando mensagens políticas a partir da embaixada nicaraguense, onde está asilado.
"A Nicarágua é um país que não tem nem Deus nem lei. Não estamos lidando com um país comum e respeitador do direito internacional. Não respeita nem o direito internacional, nem o interno, nem qualquer outro", declarou Mulino durante sua coletiva de imprensa semanal.
Ele exigiu que o governo de Daniel Ortega cumpra os acordos internacionais sobre asilo, segundo os quais as pessoas asiladas devem abster-se de enviar mensagens políticas.
"Não transformemos essa nem nenhuma embaixada em um centro político e de atividade político-partidária, nem a favor nem contra ninguém. Espero que a República da Nicarágua entenda isso, é a primeira advertência que fazemos", afirmou.
Mulino fez essas declarações após a chancelaria panamenha apresentar uma queixa à embaixadora da Nicarágua, Consuelo Sandoval Meza, pelo ativismo político realizado por Martinelli (2009-2014) na sede diplomática nicaraguense, onde está asilado há 10 meses para evitar a prisão.
O chanceler panamenho, Javier Martínez Acha, anunciou na véspera que Sandoval foi convocada na semana passada ao Ministério das Relações Exteriores para tratar do assunto.
"No linguajar diplomático, quando você chama um embaixador à chancelaria, é porque o assunto é sério e sim, é sério, e, sobretudo, isso não pode ser permitido", disse Mulino.
Se a Nicarágua não cumprir, "então agiremos", acrescentou Mulino, sem dar detalhes.
Martinelli, de 72 anos, asilou-se em 7 de fevereiro após perder o último recurso judicial para evitar cumprir uma condenação de quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
Na embaixada, opina sobre assuntos panamenhos nas redes sociais e recebe visitas frequentes de aliados políticos. Inclusive, parabenizou Ortega no dia de seu aniversário.
Após ingressar na delegação nicaraguense, Martinelli fez campanha a favor de Mulino, que o substituiu como candidato após ele ser inabilitado devido à sua situação judicial.
Mulino, que venceu as eleições impulsionado pela popularidade do polêmico ex-presidente, distanciou-se dele após assumir o poder.
"Eu não tenho nenhum problema com Ricardo Martinelli. Se ele tem algum comigo, é outra questão", afirmou Mulino nesta quinta-feira.
* AFP