O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, não poderá deixar o país, anunciou nesta segunda-feira (9) o Ministério da Justiça, menos de uma semana depois de o mandatário instaurar uma grave crise política ao decretar uma efêmera lei marcial.
Yoon enviou forças especiais e helicópteros para o Parlamento na noite de 3 de dezembro, antes que os legisladores o obrigassem a revogar o decreto.
O presidente impopular, 63 anos, sobreviveu no sábado a uma votação de impeachment no Parlamento, apesar das manifestações de milhares de pessoas que pediram sua renúncia.
Bae Sang-up, secretário dos Serviços de Imigração no Ministério da Justiça, confirmou nesta segunda-feira a proibição de saída do país para o presidente, durante uma audiência no Parlamento.
Yoon levou o país a um cenário de caos político com sua tentativa de minar o comando civil por meio de uma lei marcial que permaneceu em vigor por seis horas, até que os legisladores conseguiram superar o bloqueio militar para entrar no Parlamento e votar a revogação da medida.
A votação obrigou Yoon a recuar e desistir da lei marcial.
Também estão proibidos de deixar o país o ex-ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, atualmente detido, e o ex-ministro do Interior, Lee Sang-min.
O general Park An-su, oficial encarregado da operação de lei marcial, e o comandante de contra-espionagem de defesa Yeo In-hyung também devem permanecer no país.
- "Segundo golpe"
A oposição da Coreia do Sul acusou nesta segunda-feira (9) o partido governante de orquestrar um "segundo golpe" por apegar-se ao poder e rejeitar o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol por declarar lei marcial.
"Não importa como tentem justificar, a essência permanece intacta: isto é o ato ilegal e inconstitucional de uma segunda insurreição e um segundo golpe de Estado", disse o líder do Partido Democrático, Park Chan-dae.
Segundo a Constituição sul-coreana, o presidente é chefe de Governo e comandante em chefe do Exército, a menos que seja incapacitado ou renuncie, caso em que o poder é repassado interinamente ao primeiro-ministro até que novas eleições sejam organizadas.
Park disse que fingir que Yoon pode permanecer no cargo, mas delegar seus poderes ao primeiro-ministro, que não foi eleito, é uma "violação constitucional flagrante, sem nenhum fundamento legal".
* AFP