Os Estados Unidos continuam avançando rumo à sua meta de longo prazo de uma inflação de 2%, apesar dos "obstáculos" recentes no caminho, disse um alto funcionário do Federal Reserve (Fed, banco central) nesta segunda-feira (2).
Em uma tentativa de reduzir a inflação provocada pela recuperação pós-pandemia, o banco central americano iniciou um ciclo de aumento das taxas de juros até alcançar um máximo em duas décadas, antes de começar a flexibilizá-las nos últimos meses.
No papel, a economia americana agora parece bastante saudável, com um crescimento sólido, uma taxa de desemprego relativamente próxima de mínimos históricos e uma inflação anualizada de 2,3% em outubro, segundo o índice mais acompanhado pelo Fed.
No entanto, por mais perto que tenha chegado da meta de 2%, ainda não a alcançou e, de fato, os preços se recuperaram ligeiramente em outubro, por vários fatores, como o custo de habitação e alojamento.
Apesar da incerteza no curto prazo sobre a inflação, os dados seguem apontando para um novo corte nos juros como a melhor linha de atuação este mês, disse o governador do Fed, Christopher Waller, durante uma conferência em Washington.
"Na atualidade, me inclino a favor de um corte das taxas de juros na nossa reunião de dezembro", afirmou, ao mesmo tempo em que destacou que muita gente ainda espera que a inflação caia até a meta do Fed, de 2%, no médio prazo.
"Acho que a evidência é forte de que a política segue sendo significativamente restritiva", continuou. Um corte adicional dos juros só significaria que as taxas seriam levemente menos restritivas do que são agora, acrescentou.
Em um ensaio publicado nesta segunda-feira, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que a instituição estava no caminho correto.
"Acho que a inflação segue no seu caminho, embora seja acidentado, rumo ao objetivo" de 2%, disse Bostic, que este ano é membro com direito a voto no comitê de política monetária.
"Não vejo os obstáculos recentes como um sinal de que o progresso rumo à estabilidade de preços tenha se estancado por completo", disse.
O mercado vê uma probabilidade de 63% de um corte adicional de 0,25% da taxa de juros por parte do Fed no fim deste mês, e de 35% de que faça uma pausa, segundo dados do CME Group.
Se o Fed seguir adiante com o corte, a taxa de juros de referência ficará entre 4,25% e 4,50%.
O Fed tem um duplo mandato: controlar a inflação e manter o pleno emprego. Sua principal ferramenta é a taxa de juros, com a qual atua sobre a demanda de bens e serviços.
A partir de agora, a instituição deveria "começar a mudar a política monetária para uma postura que não estimule nem restrinja a atividade econômica", disse Bostic.
* AFP