Famílias que perderam seus entes queridos para o fentanil e várias organizações retiraram, por ora, o pedido de investigar a China por seu suposto papel no comércio ilícito deste opioide, informou a representante comercial dos Estados Unidos nesta segunda-feira (2).
A coalizão de famílias convocava a atuar para pôr fim às práticas "injustificadas e irracionais" de Pequim e entidades chinesas com esta substância mais potente que a heroína.
Ela estima que as exportações ilegais de fentanil da segunda maior economia do mundo "devastaram e seguem devastando as comunidades, os cidadãos e o comércio americanos".
Os Estados Unidos acusam Pequim de fazer vista grossa diante do comércio letal de fentanil, que provoca dezenas de milhares de mortes anuais por overdose no território americano.
A retirada da petição acontece dias depois que o presidente eleito Donald Trump prometeu impor tarifas adicionais às importações procedentes da China por seu suposto papel na epidemia de opioides, e semanas antes de o magnata retornar à Casa Branca.
Trump também ameaçou impor tarifas de 25% às importações de México e Canadá até que ambos os países ajudem a deter o fluxo de fentanil e a imigração ilegal.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, se opôs ao magnata, que considera que as autoridades mexicanas podem fazer muito mais para impedir que os cartéis de drogas fabriquem fentanil com substâncias procedentes da China.
Sheinbaum atribui a "epidemia" de fentanil nos Estados Unidos a "um problema de consumo e de saúde pública".
Nazak Nikakhtar, sócio do escritório de advogados Wiley Rein que representa as famílias afetadas na petição, havia declarado anteriormente à AFP que o governo chinês tolera o comércio de fentanil.
Após ter retirado o pedido, a coalizão poderia voltar a apresentá-lo mais adiante.
A representante de Comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, afirmou em comunicado que aplaudia a liderança do grupo "ao chamar a atenção e destacar a urgência" da crise do fentanil.
Por sua vez, o Ministério de Relações Exteriores chinês afirma estar "disposto a continuar a cooperação antinarcóticos com os Estados Unidos".
* AFP