O papa Francisco mencionou pela primeira vez as acusações de "genocídio" contra Israel em Gaza e pediu uma investigação, segundo um livro que está prestes a ser publicado e do qual foram divulgados vários trechos neste domingo (17).
"O que está ocorrendo em Gaza, que, segundo alguns especialistas, parece ter as características de um genocídio, deveria ser investigado com atenção para determinar se se enquadra na definição técnica que sustentam juristas e organismos internacionais", afirmou Francisco.
Essas declarações são trechos do novo livro do pontífice argentino, "A esperança nunca decepciona", que será lançado na terça-feira na Itália, Espanha e América do Sul, e que os jornais La Stampa e El País publicaram neste domingo.
O papa frequentemente relembra o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, o "genocídio" dos armênios sob o Império Otomano, os tutsis em Ruanda e os cristãos no Oriente Médio.
Francisco lamenta frequentemente as vítimas civis em Gaza, mas esta é a primeira vez que usa publicamente o termo genocídio no contexto das operações militares israelenses no território palestino.
A embaixada israelense junto à Santa Sé reagiu neste domingo em sua conta no X (antigo Twitter), indicando que Israel havia lançado uma ofensiva de "autodefesa" em Gaza em represália pela "massacre genocida de cidadãos israelenses" perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.
"Qualquer tentativa de chamar essa autodefesa por outro nome equivale a isolar o Estado judeu", escreveu a representação diplomática.
Pouco depois, Francisco publicou sua própria mensagem no X: "#OremosJuntos pela paz: na atormentada Ucrânia, na Palestina, Israel, Líbano, em Mianmar, no Sudão. A guerra desumaniza e leva à tolerância de crimes inaceitáveis. Que os governantes escutem o clamor dos povos que pedem a paz".
Um comitê especial da ONU publicou na quinta-feira um relatório no qual considera que os métodos de guerra empregados por Israel "correspondem às características de um genocídio".
O relatório deste comitê especial da ONU, criado em 1968 e encarregado de investigar as práticas israelenses nos Territórios Palestinos ocupados, será apresentado na segunda-feira na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Os Estados Unidos expressaram sua discordância com a conclusão do comitê.
* AFP