O Centro Pompidou de Paris anunciou nesta quarta-feira (6) a morte do artista plástico suíço Daniel Spoerri, figura da corrente artística do "novo realismo" e pai do "eat art", que transformava restos de uma refeição em obra de arte.
"Estamos profundamente tristes pelo falecimento de Daniel Spoerri, figura emblemática e membro fundador do novo realismo", indicou o museu de arte moderna e contemporânea na rede social X.
"Seu olhar único da arte, através de seus 'quadros-armadilha' e suas montagens inesperadas, soube capturar o instante, o ordinário e o surpreendente. Sua herança continuará sendo uma fonte de inspiração e de reflexão singular", acrescentou a pinacoteca francesa.
O artista suíço nasceu em 1930 às margens do Danúbio em Galati, no leste da Romênia, e é conhecido por suas naturezas mortas tridimensionais ligadas à arte do comer.
O princípio é simples: ao terminar uma comida, Spoerri fixava o que sobrava dos pratos na mesa com cola -- talheres, guardanapos, alimentos etc.
A batizou de "eat art", um movimento de obras e ações que põe o foco nos alimentos e nos hábitos alimentares.
Com este conceito, o ex-dançarino funda o movimento do novo realismo em 1960, junto de artistas como Yves Klein, Arman, Raymond Hains e Jean Tinguely.
Spoerri até administrou um restaurante de verdade em Düsseldorf, na Alemanha, entre 1968 e 1972, onde os clientes que podiam pagar transformavam as sobras de sua comida em obra de arte.
O suíço de origem romena levou mais longe o movimento com a criação da Eat Art Gallery, onde os artistas expunham efêmeras criações comestíveis e participavam destes banquetes.
Mais tarde, Spoerri tentou se libertar desse rótulo de "artista de pratos sujos" com sua série "Détrompe-l'oeil" (Desiludir o olho) em que coloca um objeto real sobre uma tela ou tapeçaria comprada em um mercado de pulgas para questionar as fronteiras entre a realidade e a ilusão.
Suas obras foram objeto de retrospectivas em muitos museus, incluído o Centro Pompidou de Paris nos anos 1990.
* AFP