No momento em que a França critica um possível tratado de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, o presidente Emmanuel Macron destacou como exemplo de associação a renovação de um acordo entre o Chile e o bloco europeu.
"É um bom acordo, e acho que deveria inspirar muitos outros, porque faz parte dessa nova geração que respeita os interesses de ambas as partes", disse Macron no palácio presidencial de La Moneda, em Santiago, no início de sua visita oficial de dois dias ao Chile.
Trata-se de "um acordo comercial coerente com nossas ambições em matéria de clima e biodiversidade, e faz parte de uma estratégia de valorização que respeita ambas as partes", ressaltou o presidente francês.
O Chile não é um membro pleno do Mercosul, diferentemente do Brasil e da Argentina, escalas anteriores do giro de Macron pela região. O bloco negocia um acordo com a UE.
Na França, agricultores retomaram sua mobilização para protestar, principalmente, contra o acordo de livre-comércio com o Mercosul, que a Comissão Europeia, pressionada por países como Alemanha e Espanha, está determinada a assinar até o fim do ano.
Na visão de Macron, esse texto levaria a uma concorrência desleal, como uma enxurrada de carne argentina ou brasileira não sujeita aos rígidos padrões sanitários e ambientais da UE.
- Última geração -
Chile e UE aprovaram em 2002 um acordo de associação que foi renovado no fim do ano passado e ainda precisa da aprovação dos países do bloco para entrar em vigor.
Com essa modernização, 99% das exportações chilenas para a UE terão algum tipo de isenção tarifária. O acordo inclui um capítulo sobre comércio e gênero, no qual as partes se comprometem a pôr fim à discriminação contra as mulheres.
"Uma das coisas que conversávamos com o presidente Macron em nossa reunião bilateral é que o Chile e a França têm orgulho desse acordo, que é de última geração", destacou o presidente chileno, Gabriel Boric, acrescentando que os dois países se comprometeram a fazer "todos os esforços para acelerar a sua ratificação no parlamento francês".
Macron busca atualizar a presença da França em uma região que ele pouco visitou desde a sua primeira eleição, há sete anos. Embora os intercâmbios com o Brasil tenham se intensificado desde que o presidente Lula voltou ao poder, ele ainda não havia exposto em detalhes sua visão sobre as relações entre o seu país e a região.
* AFP