O Catar se retirou como mediador entre Israel e o grupo palestino Hamas após meses de esforços infrutíferos para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza, disse uma fonte diplomática neste sábado (9).
O Catar também afirmou que o escritório do Hamas em Doha, sua capital, "não tem mais razão de existir", acrescentou a fonte, sem dizer explicitamente se o escritório seria fechado.
Um alto funcionário do Hamas disse à AFP que o movimento não havia recebido "nenhum pedido para deixar o Catar".
"Os cataris informaram aos israelenses e ao Hamas que, enquanto os dois lados se recusarem a negociar um acordo de boa fé, eles não poderão mais desempenhar o papel de mediadores", disse a fonte diplomática sob condição de anonimato.
"Consequentemente, o escritório político do Hamas (em Doha) não tem mais razão de existir", acrescentou.
Juntamente com os Estados Unidos e o Egito, o Catar vem tentando, há meses, intermediar um cessar-fogo e um acordo para a troca de reféns e prisioneiros entre Israel e o Hamas, mas as negociações estão em um impasse.
O Hamas e Israel acusam um ao outro de bloquear as negociações.
A guerra entre Israel e o Hamas estourou em 7 de outubro com o ataque do movimento islamista no sul de Israel, que matou 1.206 pessoas, incluindo reféns mortos ou mortos em cativeiro, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
Mais de 43.550 pessoas foram mortas na ampla ofensiva militar lançada por Israel em Gaza em resposta ao ataque do Hamas, de acordo com o Ministério da Saúde da Faixa, que é governada pelo movimento islamista.
De acordo com a fonte diplomática, o Catar já "notificou ambos os lados, Israel e Hamas, bem como a administração dos EUA sobre sua decisão".
"Os cataris disseram ao governo dos EUA que estariam prontos para voltar a participar da mediação quando ambas as partes (...) demonstrassem uma vontade sincera de voltar à mesa de negociações.
Um emirado rico aliado dos EUA, o Catar tem sido a sede do escritório político do Hamas há mais de dez anos.
Também foi o lar do ex-líder do grupo islamista, Ismail Haniyeh, que foi assassinado em 31 de julho em um ataque em Teerã atribuído a Israel.
O escritório do Hamas no Catar foi "aberto em 2012 em coordenação com o governo dos EUA, seguindo sua solicitação de ter um canal de comunicação" com o movimento, explicou um funcionário do Catar no início da guerra.
* AFP