A presidente da Geórgia, Salomé Zurabishvili, pró-Ocidente, denunciou nesta segunda-feira (28) em uma entrevista à AFP um sistema "sofisticado" de fraude que, segundo ela, permitiu ao partido no poder vencer as eleições legislativas.
Esta fraude resulta da aplicação de uma "metodologia russa", declarou a chefe de Estado, que também considerou "difícil lidar" com a Rússia, qualificando o país como "ameaçador".
"É muito difícil acusar um governo, e não é meu papel, mas a metodologia é russa", declarou a presidente, nessa entrevista em francês, sobre a fraude da qual acusa rivais políticos.
Segundo Zurabishvili, a fraude foi realizada, entre outros, mediante o voto eletrônico, utilizado pela primeira vez na Geórgia. Foi encontrado o mesmo número de documento de identidade correspondente a "dezessete votos, vinte votos, em diversas regiões", acusou.
Os supostos fraudadores também utilizaram "métodos clássicos", como a "compra de votos, pressão sobre cargos públicos", "sobre as famílias de presos a quem foi prometida a libertação" e "dinheiro distribuído visivelmente em miniônibus na saída dos colégios eleitorais", prosseguiu a presidente.
"Esse planejamento, essa sofisticação, essa precisão nos objetivos que foram tomados, é mais do que um governo clássico" poderia ter feito 'para permanecer no poder', considerou.
A presidente Zurabishvili anunciou em um primeiro momento no sábado a vitória da oposição pró-europeia com base nas pesquisas de boca de urna.
Após a derrota da oposição ser anunciada, declarou no domingo que o processo eleitoral foi alvo de uma "operação russa especial", uma forma moderna de guerra híbrida contra o povo georgiano" e pediu que seus patriotas se manifestassem na tarde desta segunda.
A oposição se nega a reconhecer sua derrota ante o partido governante, Sonho Georgiano, a quem acusa de autoritarismo pró-russo.
A Geórgia, antiga república soviética do Cáucaso às margens do Mar Negro, ainda está marcada pela invasão russa em uma breve guerra em 2008, após a qual Moscou instalou bases militares em duas regiões separatistas georgianas, Abcásia e Ossétia do Sul, que reconheceu como Estados independentes.
* AFP