Os prêmios Nobel, que serão entregues a partir de segunda-feira (7), podem representar um raio de esperança em um mundo ameaçado pela crise climática e fraturado pelos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.
As célebres premiações de Medicina, Física, Química, Literatura, Paz e Economia serão entregues entre 7 e 14 de outubro em Estocolmo e Oslo.
O Nobel da Paz, o mais aguardado da semana, nunca foi tão difícil de prever, com catástrofes se multiplicando em todo o planeta. O prêmio, que como os restantes - com exceção do de Economia - foi criado pelo famoso inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896), será entregue no dia 11 de outubro.
Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), é a favor de um "ano branco", ou seja, que o prêmio não seja concedido, como já ocorreu 19 vezes em toda a sua história, a última em 1972, durante a Guerra do Vietnã.
"Há atualmente mais de 50 conflitos armados em todo o mundo" e a sua "letalidade [...] aumentou consideravelmente nas últimas duas décadas", afirmou. Mas em Oslo, esta possibilidade, vista como um reconhecimento do fracasso, parece descartada.
Foram apresentadas 286 candidaturas este ano, embora seus nomes não sejam divulgados por 50 anos e apenas o vencedor será conhecido.
"Estou convencido de que mais uma vez haverá um candidato digno ao prêmio da paz este ano", disse à AFP o secretário do Comitê Nobel, Olav Njolstad.
Em 2023, a ativista iraniana dos direitos das mulheres Narges Mohammadi, presa em seu país, foi a vencedora do Nobel da Paz.
Este ano, grande parte das poucas candidaturas anunciadas publicamente estão relacionadas ao Oriente Médio, refletindo o momento atual.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNRWA) e as organizações de direitos humanos palestina Al Haq e israelense B'Tselam também foram propostas, sem necessariamente torná-las favoritas.
Ante ao risco que os sistemas de armas capazes de operar de forma autônoma representam para a humanidade, vários especialistas em premiações também citam a coalizão de ONGs Stop Killer Robots como possível vencedora.
- Surpresa para a literatura? -
O Nobel de Literatura, outra categoria emblemática que será entregue no dia 10 de outubro, é objeto de especulação.
A autora vanguardista chinesa Can Xue, muitas vezes comparada a Kafka pela atmosfera surreal e sombria que permeia seus romances e contos, é frequentemente citada pela crítica literária e seu nome está no topo dos sites de apostas.
"Acho que será uma mulher de uma região linguística não europeia", previu Bjorn Wiman, chefe da seção de cultura do jornal sueco Dagens Nyheter.
Entre os círculos literários, circulam outros nomes comuns, como os do romancista australiano Gerald Murnane; o britânico Salman Rushide; o escritor antígua-americano Jamaica Kincaid; bem como o da poetisa canadense Anne Carson, do húngaro Laszlo Krasznahorkai ou do japonês Haruki Murakami.
No ano passado, o prêmio eleito pelos 18 membros da Academia foi entregue ao dramaturgo norueguês Jon Fosse.
- Um milhão de dólares -
A temporada do Nobel começa na segunda-feira com a entrega da premiação de Medicina. Na terça, serão anunciados os vencedores do prêmio de Física e na quarta, de Química.
A edição de 2023 contemplou o trabalho de Medicina da pesquisadora húngara Katalin Kariko e seu colega americano Drew Weissman, no desenvolvimento de vacinas baseadas em RNA mensageiro, decisivas no combate à covid-19.
A temporada do Nobel se encerra com o prêmio de Economia no dia 14 de outubro.
Os vencedores receberão um cheque de 11 milhões de coroas (mais de US$ 1 milhão ou R$ 5,8 milhões na cotação atual), que será distribuído caso haja vários vencedores.
* AFP