Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas de várias cidades ao redor do mundo neste fim de semana para pedir um cessar-fogo em Gaza e no Líbano, e o retorno dos reféns israelenses, por ocasião do primeiro aniversário da guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas.
Simpatizantes pró-palestinos se manifestaram em cidades dos cinco continentes para exigir o fim da guerra, que já deixou quase 42 mil mortos na Faixa de Gaza.
Também foram convocadas dezenas de vigílias para este domingo (6) e a segunda-feira, dia do primeiro aniversário do ataque do Hamas em solo israelense, em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.205 mortos israelenses, além de 251 reféns (97 deles ainda em cativeiro), desencadeando a guerra.
Em Berlim, mais de mil pessoas marcharam em solidariedade aos palestinos, muitas usando o keffiyeh, o lenço tradicional símbolo da luta palestina.
Os manifestantes repetiam "Gaza não está só" e exibiam cartazes com inscrições como "Nada justifica o genocídio" e "Libertem Gaza".
Paralelamente, uma manifestação pró-israelense perto do Portão de Brandemburgo, na capital alemã, reuniu cerca de 500 pessoas, segundo a polícia. Muitas levavam bandeiras israelenses e algumas, fotos dos reféns retidos pelo Hamas.
"Infelizmente, neste primeiro aniversário do atentado terrorista do Hamas contra Israel, a paz ou até mesmo a reconciliação no Oriente Médio parecem mais distantes do que nunca", disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, em mensagem de vídeo.
- 'Devolvam-nos para casa' -
Em Londres, milhares de pessoas se reuniram neste domingo em um ato convocado pela Junta dos Judeus Britânicos e o Conselho de Liderança Judaica, em colaboração com a embaixada de Israel.
Os manifestantes levavam bandeiras israelenses e cartazes, que diziam "Devolvam-nos para casa", juntamente com fotos dos reféns retidos em Gaza. Em um telão, foram exibidas fotos dos mortos no ataque.
Sob o slogan "Estou de pé", milhares de pessoas de todas as idades se reuniram neste domingo, em Paris, em apoio a Israel e às vítimas do 7 de outubro.
No sábado, centenas de parisienses foram às ruas da capital francesa para demonstrar sua "solidariedade aos palestinos e libaneses".
Em Washington, um homem que se apresentou como jornalista tentou atear fogo a si próprio no sábado, confirmaram repórteres da AFP, durante um protesto com mais de mil pessoas em frente à Casa Branca para exigir o fim da ajuda militar dos Estados Unidos a Israel, seu aliado no Oriente Médio.
Pedestres e policiais conseguiram apagar as chamas com água e alguns keffiyehs. A polícia afirmou que "seus ferimentos não colocavam sua vida em risco".
O protesto foi maior em Nova York, com milhares de pessoas reunidas na Times Square, algumas segurando fotos de cidadãos de Gaza mortos na guerra.
Em Sydney, na Austrália, centenas de manifestantes reuniram-se no Hyde Park neste domingo, agitando bandeiras palestinas e libanesas. "Parem de armar Israel", dizia um cartaz.
Esta semana, Israel lançou uma operação terrestre no Líbano e prometeu responder o último ataque com mísseis lançado pelo Irã, o que gera o temor de uma disseminação do conflito por toda a região.
- 'Somos todos palestinos' -
Em Madri, a manifestação de sábado reuniu cerca de cinco mil pessoas, com cartazes com lemas como "Boicote a Israel" e "A humanidade morreu em Gaza". Os manifestantes instaram o presidente de governo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, a romper relações diplomáticas com o país.
Na capital venezuelana, Caracas, centenas de simpatizantes do governo de Nicolás Maduro e membros da comunidade árabe protestaram em frente à sede da ONU.
Com uma bandeira de 25 metros da Palestina e aos gritos de "Viva a Palestina livre!" e "Irã, Irã, atinja Tel Aviv", os chavistas entregaram um documento à organização multilateral para pedir o fim do "genocídio" do povo palestino.
Já em Rabat, a capital do Marrocos, dezenas de milhares de pessoas se reuniram neste domingo para demonstrar seu apoio ao povo palestino e pedir o rompimento das relações com Israel.
Milhares também se reuniram em frente à embaixada americana em Jacarta, na Indonésia, e fizeram um apelo ao governo para rejeitar qualquer normalização das relações com Israel. "Somos todos palestinos!", gritava a multidão.
Na África do Sul, centenas de pessoas se manifestaram no sábado no centro da Cidade do Cabo tremulando bandeiras palestinas e entoando palavras de ordem como "Israel é um Estado racista".
Muitas se mostraram favoráveis à denúncia da África do Sul perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ). Pretória alega que a ofensiva israelense em Gaza viola a convenção da ONU contra o genocídio de 1948.
* AFP