A Justiça do Equador deu início, nesta segunda-feira (21), a um julgamento contra 21 pessoas por suposto crime organizado, em um grande caso que envolve um ex-deputado e ex-chefes policiais e que revelou os supostos vínculos da política com o tráfico de drogas no país.
"Instala-se a audiência de julgamento por suposta #DelinquenciaOrganizada contra 21 processados. Neste caso, outras 12 pessoas já foram sentenciadas por meio de procedimento abreviado", após aceitarem sua participação em uma rede de corrupção que beneficiou o traficante Leandro Norero, assassinado em um massacre carcerário, informou o Ministério Público pelo X.
O julgamento foi suspenso para outros nove: oito estão foragidos - entre eles o ex-deputado Ronny Aleaga, que fugiu do país enquanto ainda estava no cargo e Armando Flores, um candidato a deputado nas eleições gerais de 2025, que não pode ser julgado até que os resultados das eleições sejam proclamados.
Aleaga era responsável por "fazer uma contenção política sobre as denúncias públicas realizadas por Fernando Villavicencio" sobre casos de corrupção, explicou a Procuradoria, ao mencionar o candidato presidencial assassinado a tiros dias antes das eleições de 2023.
Além disso, ele usou suas prerrogativas como legislador para "solicitar informações" de investigações conduzidas pelo Ministério Público para compartilhá-las com criminosos.
O general da polícia aposentado Pablo Ramírez, ex-diretor do órgão estatal responsável pelas prisões (SNAI), também é acusado de conceder benefícios a Norero dentro da prisão e de ter libertado dois capangas de confiança do narcotraficante.
Por outro lado, Wilman Terán, ex-presidente do Conselho do Judiciário, negociava sentenças para garantir que Norero e seus familiares fossem libertados da prisão.
O promotor do caso, Wilson Toainga, compareceu à audiência com um colete à prova de balas na sede da Suprema Corte Nacional em Quito, onde também serão julgados ex-policiais, ex-juízes e ex-promotores.
"Este é um passo na luta contra o crime organizado e para que a Justiça nunca mais seja sequestrada", declarou Toainga em sua alegação inicial, de acordo com a Procuradoria.
O caso denominado "Metástase" explodiu em dezembro de 2023 e foi considerado pela procuradora-geral, Diana Salazar, como a pedra angular da narcopolítica no país.
A megainvestigação surgiu a partir da morte de Norero em 2022 durante um massacre na prisão da província andina de Cotopaxi, que deixou 16 presos mortos, a maioria desmembrados, e 43 feridos.
O traficante, de 36 anos, era conhecido pelo apelido de "El Patrón" e também era procurado por autoridades do Peru.
* AFP