Mais de cem pessoas morreram na enorme inundação que atingiu a Espanha, principalmente a região de Valência. Nesta quarta-feira (30), porém, o governo alertou que esse número que "vai aumentar" porque ainda há "muitos desaparecidos".
O ministro da Política Territorial, Ángel Víctor Torres disse que os dados são provisórios.
Ele advertiu ainda que os dados são "provisórios":
— Infelizmente, tudo indica que esse número vai aumentar.
Resgates por terra e por ar
Valência foi a região mais crítica para os serviços de emergência nesta quarta-feira (30), que seguem procurando vítimas. Estradas foram afetadas e há locais isolados, sem telefone ou eletricidade desde que a área foi atingida na noite de terça-feira (29) pela chuva intensa que causou a inundação.
— Tem sido 10 horas chovendo sem parar (...) E o resultado é o que você vê. Estamos isolados, não se pode acessar uma parte da cidade. As estradas estão todas cortadas, pontes cortadas — disse à AFPTV José Manuel Rellán, residente da cidade valenciana de Ribarroja del Turia.
Na noite desta quarta, o presidente da região de Valência, Carlos Manzón, informou que, ao longo do dia, as forças de emergência realizaram "200 resgates terrestres" e "70 evacuações aéreas" com helicópteros, e que a princípio não restariam mais pessoas a serem salvas em telhados. À medida que a cobertura telefônica se recupera, "vão aparecendo pessoas que estavam desaparecidas", ressaltou em entrevista coletiva.
Emergência continua
Imagens da noite de terça-feira mostraram ruas transformadas em verdadeiros rios que arrastavam tudo em seu caminho, incluindo veículos.
A agência estatal de meteorologia Aemet registrou "acúmulos extraordinários" de chuva, com alguns municípios recebendo 300 litros de água por metro quadrado em apenas algumas horas, "praticamente o que pode chover em um ano inteiro", segundo apontou a instituição na rede social X.
O presidente do Governo da Espanha, Pedro Sanchez, visitará nesta quinta-feira (31) a área afetada. Ele pediu aos cidadãos para não baixarem a guarda enquanto a emergência "continua".
— Não vamos deixá-los sozinhos — garantiu.
O governo decretou três dias de luto oficial a partir de quinta-feira.
O transporte aéreo e o ferroviário para a área afetada continua suspenso e o trem de alta velocidade entre Madrid e Valência não voltará a funcionar até a próxima semana, informaram as autoridades.
Rei Felipe VI expressou sua "tristeza por tantas perdas de vidas humanas", em uma mensagem a partir das ilhas Canárias.
A União Europeia está "pronta para ajudar" a Espanha, afirmou na rede social X a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Esta é a catástrofe devido a mau tempo mais mortal que se registrou na Espanha em mais de meio século —desde outubro de 1973, quando 300 pessoas morreram por chuvas torrenciais que arrasaram várias localidades em Murcia e Andaluzia.
Auxílio para Valência
O governo enviou para Valência mais de mil soldados direcionados à Unidade Militar de Emergência, especializada em missões de resgate, para apoiar os serviços locais de socorro. O exército mobilizou unidades caninas para realizar buscas de corpos, necrotérios portáteis e psicólogos para atender as vítimas.
Cientistas alertam que os fenômenos meteorológicos extremos, como ondas de calor e tempestades, estão ficando mais intensos devido às mudanças climáticas.
— Esses fenômenos extremos podem superar a capacidade dos planos de contingência existentes para enfrentá-los, mesmo em um país relativamente rico como a Espanha — estima a professa de Sistemas Ambientais Leslie Mabon, da Universidade Aberta da Grã-Bretanha.
O alto número de mortos sugere que o sistema de alerta de inundação de Valência falhou, de acordo com Hannah Cloke, professora de Hidrologia na Universidade de Reading.
— As pessoas simplesmente não sabem o que fazer quando enfrentam uma inundação, ou quando ouvem avisos —pontuou.