O governo do Equador fechou fileiras, nesta terça-feira (22), para proteger a ministra do Interior, Mónica Palencia, que na quarta-feira enfrentará um julgamento político do Congresso, de maioria opositora, devido à crise de segurança desencadeada pela violência do narcotráfico.
Palencia deverá comparecer à Assembleia Nacional, na qual a oposição majoritária está dividida, para ser julgada por incumprimento de funções.
A situação da ministra levou o presidente Daniel Noboa a suspender uma viagem a São Paulo, onde tinha previsto participar do Fórum de Mudança Climática na quarta-feira.
O mandatário, que deveria viajar nesta terça-feira, acrescentou: "Não vou deixar Mónica Palencia sozinha, vou acompanhá-la em todo seu caminho".
O bloco legislativo aliado ao ex-governante socialista Rafael Correa (2007-2017) argumenta que a ministra deve ser destituída por ser a responsável pela falta de um plano de segurança para enfrentar o tráfico, que violentamente disputa áreas de poder.
Os partidários de Correa têm 48 dos 137 assentos e o partido governista tem cerca de 40 com o apoio de aliados. Para o impeachment, são necessários 42 votos.
O Equador, que se tornou uma das nações mais violentas do mundo, apreendeu entre janeiro e outubro deste ano o recorde de 232 toneladas de drogas, frente às 219 toneladas em 2023.
Os homicídios também dispararam nos últimos anos no país, onde o número passou de seis assassinatos a cada 100.000 habitantes em 2018 para o recorde de 47 a cada 100.000 pessoas em 2023, segundo dados oficiais.
"Estamos passando por momentos que nos desafiam como país; temos que enfrentá-los de frente com determinação e garra", disse Noboa, que assumiu o cargo em novembro passado e buscará a reeleição nas eleições gerais de fevereiro próximo.
Ladeado pelos chefes das Forças Armadas e da polícia, o ministro da Defesa, Gian Carlo Loffredo, conclamou os membros da assembleia a "reconhecerem que, nesse curto período de serviço, o governo teve conquistas". "Devemos continuar o processo para obter muito mais conquistas", disse ele.
"Uma equipe vencedora deve permanecer em campo e hoje a melhor maneira de fazer isso é apoiar Mónica Palencia como o que ela é, uma peça-chave nessa luta, por causa de sua preparação, sua dedicação e, acima de tudo, sua integridade", disse Loffredo em uma coletiva de imprensa na qual ele detalhou as últimas operações de segurança.
Após um violento ataque do narcotráfico em janeiro, Noboa declarou o país em conflito armado interno e ordenou que os militares travassem uma guerra contra cerca de 20 facções com ligações com cartéis internacionais, como o cartel de Sinaloa.
* AFP