O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, instou nesta terça-feira (22) o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a "aproveitar" a eliminação do líder do Hamas para alcançar um cessar-fogo em Gaza e pediu uma "solução diplomática" no Líbano.
À noite, Israel voltou a bombardear os subúrbios do sul de Beirute após emitir um novo aviso de evacuação a certos bairros da região, indicou a agência de notícias oficial libanesa, NNA (na sigla em inglês).
A visita de Blinken ao Oriente Médio, a 11ª desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há mais de um ano, ocorre quase um mês após a expansão do conflito para o Líbano.
Em sua reunião com o presidente israelense, Isaac Herzog, Blinken assegurou que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, assassinado em 16 de outubro por soldados israelenses em Gaza, "cria uma importante oportunidade para trazer os reféns para casa, pôr fim à guerra e garantir a segurança de Israel".
O titular da diplomacia americana havia se reunido previamente com Netanyahu, que disse que a morte de Sinwar "poderia ter um efeito positivo no retorno dos reféns" sequestrados pelo Hamas, segundo um comunicado de seu gabinete.
Em seu encontro com o primeiro-ministro, Blinken pressionou para que mais ajuda chegue aos civis em Gaza, diante da crescente preocupação com as dezenas de milhares de pessoas afetadas pelos confrontos no norte do território palestino.
Washington advertiu que poderia suspender parte de sua assistência militar caso Israel não melhore rapidamente o acesso humanitário à área.
As autoridades israelenses "reconhecem a seriedade" desta advertência "e se comprometeram a responder a ela e a atuar segundo as demandas", declarou um alto funcionário americano em condição de anonimato.
- 'Solução diplomática' no Líbano -
Após sua visita a Israel, Blinken chegará na quarta-feira à Arábia Saudita para impulsionar um cessar-fogo em Gaza.
Os esforços internacionais anteriores para acabar com a guerra e conter uma escalada regional fracassaram, e Israel atualmente planeja sua resposta ao ataque com mísseis lançado pelo Irã contra o território israelense em 1º de outubro.
Durante o encontro entre Netanyahu e Blinken, "foi levantada a questão da ameaça iraniana e a necessidade de os dois países unirem forças para combatê-la", informou o gabinete do primeiro-ministro israelense.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, pediu ao diplomata que os Estados Unidos continuassem apoiando Israel quando atacar o Irã.
Sobre a situação no Líbano, Blinken voltou a pedir uma "solução diplomática" para o conflito.
Pelo menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, quando Israel começou a bombardear alvos do Hezbollah no país, segundo um levantamento com base em dados oficiais.
Em meados de outubro, a ONU contabilizou quase 700.000 pessoas deslocadas no país.
Desde o início da guerra em Gaza, o Hezbollah, aliado do Hamas, tem participado de duelos de artilharia quase diários com Israel, forçando mais de 60.000 israelenses a deixar cidades no norte do país.
Israel confirmou na noite desta terça-feira que matou Hashem Safieddine, um dos possíveis sucessores de Hassan Nasrallah -- morto em um bombardeio israelense perto de Beirute no final de setembro -- no comando do Hezbollah.
- Comissário da ONU 'horrorizado' -
Os bombardeios israelenses desta terça-feira deixaram pelo menos 10 mortos no sul e no leste do país, segundo autoridades libanesas.
À noite, o Exército israelense instou os moradores de alguns bairros dos subúrbios do sul de Beirute a deixarem suas casas. A agência NNA reportou posteriormente pelo menos três bombardeios, dois deles dirigidos contra o distrito de Laylake.
Um bombardeio na noite de segunda, perto de um hospital da capital, matou 18 pessoas, quatro delas crianças, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
Outras 60 ficaram feridas no ataque perto do Hospital Rafic Hariri, o maior estabelecimento de saúde pública do Líbano, localizado fora dos redutos tradicionais do Hezbollah, indicou o ministério.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse estar "horrorizado" com o bombardeio e lembrou que "hospitais, ambulâncias e equipes médicas são especificamente protegidos pelo direito humanitário internacional".
Por sua vez, o Hezbollah afirmou ter atacado com drones uma base militar perto de Haifa, no norte de Israel, e sete tanques israelenses na fronteira.
- Segue ofensiva em Gaza -
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense continua sua ofensiva contra o Hamas no norte do território, que começou em 6 de outubro.
O movimento islamista palestino, no poder desde 2007 em Gaza, declarou que continuará lutando apesar da morte de Sinwar, o cérebro da letal incursão de comandos islamistas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que desencadeou a guerra.
Os militantes mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses.
Dos 251 sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, embora 34 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército de Israel.
A ofensiva israelense em Gaza, onde antes da guerra viviam 2,4 milhões de pessoas, resultou até agora em 42.718 mortos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
* AFP